COP27: Lula enfrenta divisão no Brasil mas é unanimidade no mundo inteiro
Todos os governos foram rápidos em reconhecer a vitória do presidente eleitoO presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva é convidado de honra da COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada no Egito (de 06 a 18/11). Mesmo sem ter ainda um cargo oficial, e ser uma liderança de esquerda, Lula recebeu convite do conservador presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi.
Essa é uma das provas de que, lá fora, esquerda e direita estão sintonizadas em torno do nome de Lula. Nas 24 horas que se seguiram ao anúncio da eleição, o presidente eleito recebeu ligações e congratulações de todos os governos do planeta. Resultado: na COP27, o futuro presidente vai ter direito a vários discursos, enquanto a comitiva oficial brasileira, esvaziada sem a presença do Presidente Bolsonaro, vai ficar falando praticamente sozinha.
As posições conservadoras, para não dizer anti-natureza, do governo Bolsonaro nesta conferência serão ignoradas pela comunidade mundial. Afinal, o mundo, preocupado com os efeitos catastróficos do aquecimento global, como ondas de calor, secas, tempestades e derretimento das geleiras, espera mesmo é ouvir Lula dizer que vai proteger a Amazônia do desmatamento, dos criadores de gado e dos fazendeiros da soja.
Os tempos ruins do “deixa a boiada passar”, frase infeliz do ex-ministro do meio-ambiente Ricardo Salles, que representa de forma honesta esse governo que está no fim, estão também com os dias contados.
Lula acena ao mundo com o discurso que o mundo espera que se concretize: o de que a Floresta Amazônica vai ser mais protegida. As florestas tropicais do Brasil, do Congo, na África, e da Indonésia, na Ásia, são pulmões que ajudam a controlar a quantidade de gás carbônico na atmosfera, o grande vilão do aquecimento global.
Quanto mais floresta tropical no mundo, menos gás carbônico e menos crescimento da espiral do calor. A ex-ministra do meio-ambiente Marina Silva, que foi à COP27 antes mesmo de Lula, causou uma excelente impressão junto às ONGs e diplomatas. Apesar de ter perdido o cargo no governo Lula por se opor às políticas desenvolvimentistas (ou seja, derrubar florestas) defendidas pela então ministra Dilma Roussef, Marina disse que Lula mudou e se convenceu de que proteger a floresta é mais importante.
Tudo indica que Lula, mesmo sem ser presidente empossado, vai voltar do Egito com centenas de milhões de dólares em projetos de investimento ecologicamente sustentável na Amazônia Legal. Dinheiro que virá, principalmente, dos países europeus, onde a consciência ambiental faz parte do dia-a-dia dos cidadãos.
O mundo quer uma Amazônia protegida. Mas, infelizmente, boa parte da população do campo ainda pensa com a cabeça do século XIX: floresta é mato, ou seja, não tem utilidade, precisa ser queimada para abrir espaço para as fazendas. Trabalho difícil será convencer quem só sabe queimar que a mata em pé e sua biodiversidade podem gerar empregos nas indústrias de exportação e de transformação.
Como só discurso de conscientização não faz milagre, os euros a serem enviados pela União Europeia certamente servirão para mostrar que a floresta em pé pode, sim, trazer riqueza ao Brasil.
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