Neste exato momento, em qualquer cadeia deste Brasil, tem um policial penal fechando uma cela, abrindo um cadeado, entregando marmita, conferindo as algemas, decifrando manuscritos de presos, estudando sobre facções e crime organizado, conferindo as chaves, limpando as armas na reserva, recebendo material de expediente ou de almoxarifado, recolhendo marmitas, liberando banho de sol, vigiando o sistema de monitoramento por CFTV, em sentinela nas torres e muralhas do presídio, encerrando banho de sol, fazendo a segurança de profissionais que estão atendendo os presos como assistentes sociais, médicos, psicólogos, professores, enfermeiros, dentistas...
Realizando escoltas em hospitais, fóruns criminais, escoltando presos em cumprimento de determinações legais como funeral de um parente próximo ou em clínicas para realização de exames por determinação judicial, realizando vistorias nas celas e pavilhões, levando para a delegacia presos que cometeram crimes dentro do cárcere, conferindo se a viatura está em boas condições, finalizando um relatório de plantão (sempre com alterações), em reunião com a direção do presídio (sempre a mesma pauta), falando com a família (nos raros momentos em que pode usar seu telefone), realizando operações de inteligência intramuros, cadastrando um visitante, realizando inúmeras atividades administrativas, atualizando cadastro de presos, fazendo inclusão de novos presos, procedendo no cumprimento do alvará de soltura, entregando livros nas celas, recolhendo livros (depois de conferir se estão rasurados), levando presos para atividades laborais, acompanhando o início da visita, vistoriando materiais trazidos pelas visitas, encerrando o momento de visitas, ouvindo e tomando nota das demandas dos internos, restabelecendo a ordem no pavilhão indisciplinado, relatando falhas observadas na segurança durante seu turno, repassando o serviço para o que vai lhe substituir, conferindo os cadeados, distribuindo as medicações controladas aos presos acompanhados por psiquiatra, acompanhando preso nas audiências e visitas virtuais, realizando atividades de capacitação e qualificação profissional nas academias penitenciárias, executando atividades extramuros como recaptura de presos que fugiram na noite anterior, ou romperam a tornozeleira eletrônica, cadastrando a entrada de um advogado(a), sendo ameaçado pelos crime organizado, sendo assassinado pelo crime organizado, realizando tratamento psicológico/psiquiátrico pelo desgaste emocional provocado pelo simples exercício da atividade...
Ia esquecendo, tem ainda aqueles que estão de folga (folga sempre física, nunca mental).
Eles não estão fazendo mais do que suas obrigações enquanto policiais penais? Qual o verdadeiro valor que a sociedade entrega ao policial penal? É o policial penal um herói anônimo, até mesmo para o estado?
Seu Diretor, só a regulamentação das polícias penais estaduais para reconhecer o que a Constituição Federal já assevera no art. 144, VI.
E antes que eu me esqueça, tenha absoluta certeza, cadeia nenhuma anda só!
Walkyr da Costa Ferreira [Walkyr Ferreira] é policial penal, bacharel em Direito, operador de segurança pública e de execução penal desde 2004.
Fonte: JTNEWS com informações de Walkyr Ferreira