Quando éramos crianças e tínhamos dominicalmente o dever de assistir o catecismo [que significa o aprendizado dos dogmas e preceitos da religião], aqui referimo-nos ao catolicismo, em que cooptamos o conhecimento aos quatro pontos cardeais ou centrais do ensino religioso, ou melhor, as quatro virtudes que elevam a personalidade física e espiritual na formação do infante, na constituição de sua formação humanística.
A temperança é uma das quatro virtudes cardeais, ao lado da Prudência, da Fortaleza e da Justiça, as quais exprimem em suas somatizações, as virtudes centrais orientadoras na vida do Cristão.
O que se entende ainda mais e efetivamente por temperança? É a virtude de quem executa seus propósitos com moderação, freando seus apetites, desejos e paixões com a parcimônia necessária no cometimento de seus atos.
Sêneca, em uma de suas obras, diz textualmente: "a primeira vítima da falta de temperança é a própria liberdade...," realmente, a sua ausência se constata quando ultrapassamos os nossos limites morais e nos entregamos à devassidão, ao desregramento, à licenciosidade, nos tornando crápulas de nós mesmos!
Lázaro de Sousa Gomes, em feliz explanação, diz sobre esse tema: “a humildade, a sabedoria, a temperança e civilidade são como verdade inconteste, as características humanas mais louváveis". Para Sir Hob “a temperança é essa moderação pela qual permanecemos senhores de nossos prazeres em vez de escravo deles".
Escolhemos esse tema diante de tanta intemperança em nossas ações, não sabemos temperá-los com os necessários ingredientes, como fazemos na culinária, para que os alimentos não saiam insossos ou salgados, magros ou substancialmente gordurosos, ao ponto de atingir nosso corpo, debilitar nossa saúde física..., a temperança, este tempero comedido que deve estar presente em todos os nossos desejos.
Paiva Neto, importante seguidor do pai Alziro Zarur, como líder de uma importante comunidade cristã, diz: “a temperança é a virtude indispensável nessa peleja.
Entretanto, diante dos desafios, não convidamos Pacifismo com debilidade de caráter! Essa é a nossa reflexão de hoje, nestes tempos pandêmicos em que atracamos de dentro de nós, algum substrato de nossa alma, possamos repassar a quem interessar possa.
Brandão de Carvalho é escritor e desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí.
Fonte: JTNEWS