A crise econômica causada pela pandemia da COVID-19 fez com que o chamado desemprego de longa duração batesse recorde. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), são 14,8 milhões de desempregados no 1º semestre de 2021. Destes, quase 3,5 milhões de pessoas procuram vagas há 2 anos ou mais.
É o maior número da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Segundo especialistas ouvidos pela Folha de S. Paulo, a alta é resultado da soma dos efeitos da pandemia na economia com um mercado de trabalho que ainda não tinha se recuperado de crises passadas.
O recorde anterior havia sido registrado no 2º trimestre de 2019. Na época, eram 3,347 milhões de trabalhadores sem emprego há pelo menos 2 anos. No começo de 2020, antes da pandemia, o Brasil tinha 3,075 milhões de desempregados de longa duração.
“O desemprego mais longo é resultado das duas últimas crises. A pandemia afetou diretamente o mercado de trabalho, mas já vínhamos em um momento que não era bom. Desde 2016, o Brasil tem mais de 11 milhões de desempregados [no total]”, falou ao jornal o economista Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
“As pessoas que já tinham dificuldades para entrar no mercado ficaram com ainda mais dificuldades na pandemia.”
José Ronaldo Castro Júnior, diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), disse “houve uma melhora leve [a partir de 2017]”.
“Mas ainda havia um contingente muito grande de pessoas sem ocupação. Para um conjunto considerável de pessoas, isso [o início da pandemia] foi um prolongamento da crise anterior”, declarou.
Diante da dificuldade de voltar ao mercado de trabalho, muitos trabalhadores acabam por entrar na informalidade.
“Há possibilidade de essas pessoas irem para uma situação de pobreza muito grave, dependendo do apoio de programas sociais, ou de migrarem para a informalidade. Agora, que tipo de trabalho será esse? Existe toda uma discussão sobre a qualidade dos negócios por conta própria”, avaliou Ely José de Mattos, professor da Escola de Negócios da PUC-RS.
A reação do mercado de trabalho, segundo Rodolpho Tobler, depende da retomada da economia. “A principal saída é o crescimento econômico, e o mais importante agora é acelerar a vacinação”, afirmou o economista.
A economia brasileira já mostra sinais de recuperação. O PIB (Produto Interno Bruto), soma dos bens e serviços produzidos no país, subiu 1,2% no 1º trimestre, na comparação com os 3 meses imediatamente anteriores. Os dados foram divulgados em 1º de junho, pelo IBGE. Eis a íntegra (1 MB).
O resultado surpreendeu positivamente as estimativas do mercado. O Itaú Unibanco, por exemplo, havia estimado crescimento de 0,6%.
O PIB brasileiro recuou 4,1% em 2020, a maior já registrada desde o início da série histórica, em 1996. Foi atingido pela pandemia de COVID-19, que derrubou a atividade no mundo. A queda representou o 21º melhor desempenho econômico em 50 países.
Fonte: JTNEWS com informações do Poder 360