Agnaldo Timóteo morreu, neste sábado (3/4), vítima de COVID-19. O cantor e compositor, de 84 anos, estava internado no Hospital Casa São Bernardo, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e não resistiu às complicações da doença. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do artista. Ele havia gravado música especial em pedia o fim da Pandemia.
A família agradece todo o apoio e profissionalismo da Rede Hospital Casa São Bernardo nessa batalha. A Família informa que a Corrente de Fé, com pensamentos positivos e orações, permanecerá, em prol de um mundo melhor!
Trajetória
Agnaldo Timóteo Pereira nasceu em 16 de outubro de 1936, em Caratinga, Minas Gerais. Foi no município mineiro, aliás, que o cantor, compositor e político passou toda a infância. O interesse pela música começou ainda criança, quando fez apresentações em circos que visitavam a cidade natal.
Os primeiros passos da carreira profissional foram dados quando ele participou, como calouro, de programas de rádio na cidade natal, Governador Valadares e Belo Horizonte. O cantor construiria uma história marcada por luta, dificuldades, sucessos, polêmicas, trajetória política e inúmeras participações em programas de rádio e televisão.
Com apenas 16 anos, já morando em Governador Valadares, o músico tinha o hábito de deixar de lado o trabalho de torneiro mecânico para ouvir Angela Maria, a quem admirava publicamente e, anos depois, teve o prazer de trabalhar e se tornar amigo pessoal.
Na tentativa de gravar um disco, mudou-se para Belo Horizonte, aonde ficou conhecido como ‘Cauby mineiro’ — por conta da semelhança de timbre com Cauby Peixoto, fenômeno musical nos anos 1950. Entretanto, a experiência não trouxe o sucesso que ele esperava, mas, possibilitou o surgimento de convites para imitar o astro em programas de rádio e eventos.
Aconselhado por Angela Maria a se mudar para o Rio de Janeiro, aonde, segundo a cantora, ele teria mais oportunidades de mostrar o trabalho autoral, o músico enfrentou um começo difícil na capital fluminense.
Foi na cidade, inclusive, que o compositor conheceu Roberto Carlos, que, à época, também havia se mudado para a cidade em busca de oportunidades profissionais. Agnaldo chegou a declarar ao longo da trajetória os perrengues que enfrentou ao lado do ídolo da Jovem Guarda. Os dois costumavam a ir a pé às rádios porque não tinham o dinheiro para o bonde.
Com dificuldades financeiras, o músico procurou Angela Maria e pediu para trabalhar como motorista dela, que, na época, possuía um automóvel, mas não dirigia. A história com a cantora, aliás, está diretamente ligada a momentos importantes da vida dele.
Por indicação de uma das maiores estrelas da história do rádio brasileiro, Agnaldo Timóteo gravou o primeiro trabalho, que contava com as canções Sábado no Morro e Cruel Solidão. Em 1963, veio o compacto Tortura de Amor, mas, que acabou sendo vendido de mão em mão pelo próprio compositor porque a gravadora não colocava fé no sucesso dele.
Em 1965, venceu todos os prêmios do programa Rio Hit Parade, da TV Rio, ganhando a simpatia do público jovem e assinando contrato com a EMI-Odeon. O primeiro sucesso da carreira veio com o disco Surge um Astro, que contava com versões estrangeiras e que marcaria a característica romântica que acompanhou cantor ao longo de décadas. À época, participou de edições do programa Jovem Guarda — atração produzida entre 1965 e 1968 pela TV Rio e Record TV.
Agnaldo, que contabiliza mais de 50 discos gravados, ficou nacionalmente conhecido ao gravar Meu Grito, canção composta por Roberto Carlos. Entre os grandes sucessos da longa carreira, Ave-Maria, Mamãe e Verdes Campos foram alguns dos grandes marcos da trajetória musical.
Em 1975, Agnaldo apresentou a Galeria do Amor — primeira composição própria e um dos marcos para o surgimento do estilo musical que ficaria conhecido com 'Brega'. Dois anos depois, em 1978, ele transitou por movimentos em alta, como Bossa Nova, com a gravação do sucesso Por Causa de Você, composição assinada por Dolores Duran e Tom Jobim.
O disco de maior sucesso na carreira foi o Perdido na Noite, que contou com composições próprias como Aventureiros e O Conquistador.
Sempre muito discreto em relação a vida pessoal, o cantor nunca assumiu publicamente os seus relacionamentos. Entretanto, em 2017, no documentário Eu, Pecador, que trouxe à tona passagens da trajetória do músico até então inéditas, Agnaldo falou abertamente de romances vividos com outros homens.
Política
Com as mudanças no cenário fonográfico brasileiro e surgimento de interesses pessoais, o ritmo de shows foi diminuindo com os anos e o cantor passou a conciliar a música com a carreira política, que começou em 1982, pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista). À época, ele foi eleito o deputado federal mais votado da história do estado do Rio de Janeiro.
Em 1994, foi eleito novamente deputado federal pelo estado fluminense. Além disso, exerceu três mandatos como vereador. O primeiro no Rio, em 1996, e dois pela cidade de São Paulo, em 2004 e 2008 — respectivamente.
Fonte: JTNEWS com informações do R7