A Alemanha pediu nessa quinta-feira (21) aos Estados Unidos que reconsiderem a decisão de se retirar do tratado internacional Open Skies (céus abertos) e solicitou a Rússia a respeitar suas obrigações no acordo.
O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, disse que vai se empenhar para que o governo do presidente Donald Trump reveja sua decisão e destacou que França, Polônia e Reino Unido repetidamente explicaram aos Estados Unidos que as dificuldades de aplicação por Moscou, nos últimos anos, não justificam uma retirada.
Trump anunciou na quinta-feira a saída dos Estados Unidos do acordo, que permite aos 34 países signatários verificar movimentos militares e a implementação de medidas de controle de armamentos por meio de voos de reconhecimento nos espaços aéreos de todos os signatários.
Ele acusou a Rússia de violar o tratado. “Como não o respeitam, nós vamos sair“, afirmou. “Mas há uma chance muito grande de fazermos um novo acordo ou de fazer algo para fazer valer de novo aquele acordo“, acrescentou Trump. A decisão entra em vigor depois de 6 meses.
Desde 2014 há divergências em relação ao exclave russo de Kaliningrado, depois de um voo de observação da Polônia ter permanecido por um longo tempo sobre o território. A Rússia protestou e alterou, de forma unilateral, as regras para Kaliningrado, em desacordo com o tratado.
O mesmo vale para outras regiões consideradas sensíveis por Moscou, como a Ossétia do Sul e a Abcásia.
Maas disse lamentar profundamente o anúncio e acrescentou que o tratado “contribui para a segurança e a paz em quase todo o hemisfério norte” e ficaria enfraquecido com a retirada americana.
Ele também pediu à Rússia para “regressar à plena aplicação” do acordo. A Rússia denunciou um “golpe” à segurança europeia e a interesses de segurança de aliados dos EUA.
Em resposta ao anúncio de Trump, os embaixadores dos países-membros da Otan foram convocados para uma reunião de emergência nesta sexta-feira (22), segundo um diplomata.
O Tratado Open Skies é o terceiro acordo internacional do qual Trump decide retirar os Estados Unidos, depois do tratado sobre o programa nuclear iraniano, do qual ele saiu em 2018, e o tratado INF sobre os mísseis terrestres de médio alcance, abandonado em 2019.
A ideia do Open Skies foi inicialmente proposta pelo presidente Dwight Eisenhower, em 1955, quando foi rejeitada por Moscou. Ela voltou à tona em 1989, no governo do presidente George H. W. Bush, e passou a valer em janeiro de 2002.
Pelo acordo, os países signatários podem executar um determinado número de voos de curta duração sobre o território de outras nações signatárias todos os anos. O objetivo é elevar a transparência sobre atividades militares e monitorar acordos de controle de armas.
Fonte: Poder360