Cinco cocaleiros apoiadores de Evo Morales morreram nesta sexta-feira (15) em confrontos violentos com a polícia e militares nos arredores de Cochabamba, reduto do ex-presidente da Bolívia. Ao menos 20 ficaram feridos, informa a Folha de S.Paulo de hoje (16), cuja matéria o JTNews traz nesta edição.
Desde o México, onde está exilado, Evo comentou as mortes. "Realmente é um massacre, porque já é um genocídio. Lamento muito tantos mortos", disse o ex-presidente à rede CNN.
Milhares de opositores da autoproclamada presidente Jeanine Áñez entraram em conflito com as forças policiais na ponte Huayllani, que foi bloqueada por agentes, quando tentavam chegar à cidade de Cochabamba, a 18 km de distância.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou em um comunicado o "uso desproporcional da força policial e militar". O órgão publicou nas redes sociais um vídeo dos corpos enfileirados no chão e afirmou, ainda, que "as armas de fogo devem estar excluídas dos dispositivos utilizados pelo controle dos protestos sociais".
Segundo o comandante da Polícia de Cochabamba, coronel Jaime Zurita, os manifestantes portavam armas, escopetas, coquetéis molotov, bazucas caseiras e artefatos explosivos —mais de cem pessoas foram detidas, afirmou.
"Estão usando dinamite e armamento letal como (fuzis) Mauser 765. Nem as Forças Armadas, nem a polícia têm esse calibre, por isso estou alarmado", disse.
A tropa de choque, apoiada por militares e um helicóptero, dispersou os manifestantes à noite. Os conflitos que estouraram um dia depois do anúncio da suposta vitória de Evo nas eleições de 20 de outubro, marcadas por fraudes, deixaram até o momento dez mortos, mais de 400 feridos e 500 detidos, segundo a contagem oficial.
Os primeiros protestos foram protagonizados por opositores de Morales, mas agora são os partidários do ex-presidente que se manifestam contra Áñez.
O conflito em Cochabamba estourou no mesmo dia em que Áñez afirmou que, caso Evo retorne à Bolívia, terá de enfrentar a Justiça por supostas irregularidades nas eleições de outubro e por denúncias de corrupção. Evo nega as acusações e afirma que nunca pediu ajuda a nenhum órgão eleitoral.
Fonte: Folha de S.Paulo