Na noite dessa quarta-feira (18), a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou o processo de impeachment contra o presidente Donald Trump.
Por 230 votos a 197, os deputados consideraram que Trump cometeu crime de abuso de poder. A acusação de obstrução ao Congresso foi aceita por 229 votos a 198. Era necessário o apoio de 218 deputados para aceitar cada acusação contra o presidente.
O processo de impeachment seguirá agora para o Senado, que decidirá se Trump será ou não afastado do cargo. Assistidos pelo presidente da Suprema Corte norte-americana, os senadores atuarão como “jurados”, enquanto representantes da Câmara assumirão a função de “promotores”.
Os republicanos são maioria no Senado –têm 53 congressistas. É necessário que 2/3 da Casa, ou seja, 67 de 100 senadores, votem a favor da condenação e destituição do presidente. As chances são baixas, mas se os senadores aprovarem, Donald Trump deixa o cargo e seu vice, Mike Pence, assume.
O resultado da votação, realizada após mais de seis horas de debates, já era esperado. Isso porque das 431 vagas na Câmara, 233 são ocupadas por democratas e 197, por republicanos. Todos os representantes do partido de Trump votaram pela rejeição das acusações. Já entre os democratas, dois votaram contra a acusação de abuso de poder e três, contra a acusação de obstrução.
Enquanto os deputados votavam em Washington, Trump discursava em Michigan. O presidente declarou que não fez “nada de errado“, deslegitimou o processo, atacou a imprensa e os democratas. Disse que tudo foi “baseado em ilegalidades“. “Eles pagaram para que escrevessem um dossiê falso“, protestou o presidente, acrescentando que tem um “tremendo apoio no Partido Republicano”.
Em nota, a Casa Branca classificou a votação dos deputados como “um dos episódios mais vergonhosos da política” norte-americana. O texto reafirma que o presidente “não fez absolutamente nada de errado” e critica a condução do processo pelos democratas (que são maioria na Câmara).
“Todas essas palhaçadas deixam claro que os democratas perderam de vista o que o país precisa, que é um Congresso que trabalhe para as pessoas. O ilimitado ânimo do presidente Trump alimenta o desejo deles de tentar anular o resultado das eleições de 2016 e indevidamente influenciar nas eleições de 2020“, diz a nota.
“O presidente está confiante de que o Senado irá restaurar a ordem, a Justiça e o devido processo, tudo o que foi ignorado pelos procedimentos da Câmara. Ele está preparado para os próximos passos e confiante de que será totalmente inocentado. O presidente Trump continuará a trabalhar incansavelmente para corresponder aos anseios e prioridades dos norte-americanos, assim como tem feito desde que assumiu o cargo“, finaliza o texto.
Acusação
O presidente norte-americano foi acusado por um informante de ter condicionado ajuda militar à Ucrânia à obtenção de um favor pessoal do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Em ligação telefônica realizada em 25 de julho, Trump pediu que Zelensky colaborasse com seu advogado pessoal, Rudolph Giuliani, em uma investigação sobre Hunter Biden –filho do principal pré-candidato democrata, Joe Biden. Hunter integrou o conselho de uma empresa de gás ucraniana quando seu pai era vice-presidente dos Estados Unidos.
O telefonema foi feito no momento em que a Ucrânia aguardava a aprovação de um pacote de ajuda militar dos EUA. Dois dias após a ligação, a verba foi liberada.
Trump negou incisivamente as acusações e disse que esta é a maior “caça às bruxas” da história do país. A Casa Branca divulgou na íntegra a transcrição do telefonema.
No documento, é possível ler a seguinte fala de Trump a Zelensky: “Ouvi dizer que você tinha um procurador que era muito bom e foi demitido. Isso é muito injusto. Muita gente está falando sobre isso. Houve muita discussão sobre o filho de Biden e que Biden impediu um processo de acusação [contra Hunter] e muita gente quer saber mais sobre isso. O que você conseguir fazer a respeito do procurador-geral, seria ótimo. Biden saiu se gabando de que impediu a investigação. Então, se você puder dar uma olhada nisso… [o caso] soa terrível para mim”.
Zelensky foi receptivo e disse que iria “cuidar disso” e “trabalhar na investigação do caso”. Também pediu a Trump “alguma informação adicional”, pois “seria muito útil”.
Fonte: Poder360