Em 15 de março de 1926 nasceu José Cândido da Nóbrega, filho de Antônio Cândido da Nóbrega e Maria da Guia Urquiza da Nóbrega, no Município de Patos, cidade do sertão paraibano de deslumbrante paisagem serrana, de onde se contempla o “Jabre”, pico dos mais altos do Nordeste. Filho muito devoto aos pais, cresceu na Fazenda Caldeirão-PB, sempre valorizando a família, as pessoas simples e respeitando os grandes. Iniciou seus estudos no Colégio Diocesano, em Patos-PB, sendo considerado um excelente aluno.
Movido por um forte desejo de ajudar a família (segundo relatos de familiares próximos) e com imenso amor à Pátria, o destino o fez interromper, de forma premente, sua vida escolar para servir ao Exército Brasileiro. José Cândido da Nóbrega, o primeiro varão da família “Urquiza da Nóbrega”, ingressou na Carreira Militar aos 16 (dezesseis) anos de idade, em Recife, como voluntário.
Pouco tempo depois, em menos de 3 (três) meses, participou do Curso de Cabo, sendo promovido ao referido Posto. Na época da 2ª Guerra Mundial, esteve adido na Ilha de Fernando de Noronha, sem saber o que era dia ou noite, tamanha era a grandiosidade da Missão. Ao sair de lá, submeteu-se a um concurso para Sargento do Exército no Rio de Janeiro (Realengo), logrando a 9ª colocação. Foi condecorado com várias Medalhas de Mérito, entre as quais, a Medalha do Pacificador e a Medalha de Guerra, esta, reconhecidamente, por ter cooperado no esforço da Guerra do Brasil, nos tempos idos de 1947.
Orgulhava-se muito de ter sido, no Posto de Tenente (1976), o único a chefiar uma Circunscrição de Serviço Militar, no caso a 26ª (CSM), em Teresina-PI; posteriormente, no período de 12.7.1976 a 16.11.1979, já no Posto de Capitão, esteve à frente da 14ª Delegacia de Serviço Militar em Araguaína, então Goiás. Nutria, ainda, um forte sentimento patriótico por ter participado da construção de um Quartel na cidade de Guajaramirim, onde serviu.
Tendo cumprido seu tempo de permanência na ativa, com 37 anos de serviço, passou à Reserva remunerada no Posto de Tenente Coronel. E, mesmo na Reserva, sempre se fazia presente nas solenidades militares como no Dia da Infantaria, da Engenharia, Sete de Setembro, Dia do Exército, Dia da Bandeira, ocasiões nas quais também se recordavam seus feitos, em uma preclara homenagem a ele pelos bons serviços prestados. Como tal, foi um dos fundadores da Liga de Defesa Nacional com sede em Teresina-Piauí (LDN-PI).
Militar conservador, mas sensível às exigências de uma união familiar, em 30 de janeiro de 1964, contraiu matrimônio com sua “Enoinha”, na cidade de Teresina-PI, sua segunda terra. Desse fiel enlace, advieram 06 (seis) filhos: Stênio, Hélcio, Nóbrega Júnior, Adriana, Ânderson e Ana Karina [autora deste Artigo].
Em sua trajetória de vida, o gosto pela leitura foi reconhecido pelas pessoas que conviviam com ele mais intensamente, situação esta que o levou a ser agraciado como membro do Instituto Geográfico de Patos, bem como da Academia Piauiense de Letras da região de Sete Cidades, Piauí. Nunca descuidou das horas de lazer, onde acompanhado de seu inseparável violão e, cercado de pessoas amigas, dedilhava “choros”, recitava repentes e poesias de vários autores, especialmente Catulo da Paixão Cearense, Guerra Junqueira, e de seus conterrâneos paraibanos como Augusto dos Anjos e o poeta “Zé da Luz”, alegrando o espírito das pessoas que desfrutavam de sua presença.
Em 1991, foi árduo colaborador na Construção da Capela de Santa Teresinha do Menino Jesus [localizada ao lado do 25º Batalhão de Caçadores, popularmente conhecido como 25BC], secretariando os inúmeros trabalhos desenvolvidos para que esse sonho se tornasse a realidade, como se observa nas páginas do Livro de Atas manuscrito por ele, sob a guarda dessa Paróquia. Em 23 de novembro de 2007, aos 81 anos de idade, foi chamado de volta para a casa Celeste.
E assim viveu esse guerreiro, exemplo de bom homem, filho, irmão, esposo, pai e amigo, enfim, uma semente de Deus na Terra. Como homenagem póstuma, a Prefeitura de Teresina o contemplou, em 20 de agosto de 2008, mediante o Decreto nº 7.881, com o nome de uma das ruas de nossa cidade, no bairro “Todos os Santos”, a Rua Capitão Nóbrega.
Agradecemos a Deus por ter-nos proporcionado a presença de nosso querido pai José Cândido da Nóbrega por tantos anos conosco. Com certeza, sua missão não terminou, continua, mas agora em outra dimensão, no Céu, onde, seguramente, já faz parte do Exército de Deus.
Texto de Ana Karina V. da Nóbrega - graduada em Direito pela UFPI. Especialista em Direito Público e em Direito Privado pela Escola Superior de Magistratura do Estado do Piauí – ESMEPI em convênio com a UFPI. Especialista em Direito Eleitoral pela UNISUL (SC). Especialista em Direito Constitucional pela Universidade Anhanguera UNIDERP. Mestra em Direito e Políticas Públicas pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) de Brasília. Mestra em Género e Igualdad pela Universidade Pablo de Olavide (UPO) de Sevilla, Espanha (2021). Doutora em Direito, Políticas Públicas, Estado e Desenvolvimento pelo UniCEUB e servidora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fonte: JTNEWS