Nenhuma das principais empresas farmacêuticas dos Estados Unidos, engajadas na produção da vacina contra a COVID-19, têm realizado testes em crianças. Crianças e adolescentes não integram o grupo de risco, mas especialistas apontam que elas podem ser potentes vetores de transmissão do vírus para adultos.
“Se você protege as crianças, reduzirá a transmissão comunitária e protegerá os adultos”, disse o professor da Universidade Cornell, John Moore, ao site de notícias Axios. “Se precisamos de 70% da comunidade protegida pela imunidade de rebanho, em algum momento, precisaremos incluir as crianças nos testes”.
Estudo do Science Translational Medicine indica que as crianças têm resposta imunológica mais eficiente que a dos adultos, pois elas são expostas a patogênicos desconhecidos com maior frequência.
A imunização desse grupo demanda mais tempos para testes. A previsão é de que só aconteça em 2021: “Se forem vacinadas até o inverno, e a taxas de transmissão estiverem baixas, podemos imaginar a vida voltando ao normal”, disse Carl Zimmer, do New York Times. “Se as taxas estiverem altas e a vacina infantil não estiver pronta até a primavera de 2022, todos problemas em relação às crianças e escolas continuarão”.
No Brasil, em entrevista ao jornal O Globo publicada em 23 de setembro, o gerente médico de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan, o infectologista colombiano Ricardo Palacios, disse estimar que estudos com crianças e adolescentes comecem ainda em 2020.
“Temos um plano de desenvolvimento clínico acordado com a China. Quando vimos a segurança no caso de idosos, com resposta imune adequada, o passo seguinte é ir para as crianças. Quando a gente tiver os resultados dos estudos de crianças e adolescentes na China vamos apresentar essas informações para a Anvisa, para também fazer testes no Brasil. Esperamos que ainda este ano”, disse.
Fonte: Poder360