Os clubes da parte de cima da tabela do brasileirão estão juntos na tentativa de alcançar o Flamengo, mas essa não tem sido uma missão fácil. O rubro-negro está na liderança isolada do campeonato, e os números mostram que não foi à toa que ele atingiu essa posição, pois o ataque do time carioca é o melhor da competição, com uma de média de 2,2 gols marcados por partida, os seus atacantes estão entre os quatro maiores artilheiros da edição e a defesa está entre as cinco menos vazadas. Além disso, o Flamengo ainda é finalista da Libertadores, depois de eliminar o Grêmio, por um placar agregado de 6 a 1.
O torcedor do rubro-negro tem muito a comemorar, mas o futebol apresentado pelo clube é apenas uma consequência de um alto investimento. O Flamengo gastou R$ 190,8 milhões em contratações esse ano, fato que o tornou o clube brasileiro que mais investiu nessa temporada. Por exemplo, ao contratar o uruguaio Arrascaeta, o rubro-negro teve que desembolsar R$ 63,7 milhões de reais, o que tornou essa a transação mais cara da história do futebol brasileiro.
Os gastos exorbitantes não param por aí, já que o clube possui a segunda maior folha salarial do país, que custa cerca de R$ 17 milhões por mês, incluindo salários, direitos de imagem e encargos de jogadores e comissão técnica (em primeiro, está a do Palmeiras, com gasto de R$ 18 milhões mensais).
Esses valores altos estão relacionados ao fato de que a maior parte dos jogadores recebem salários superiores a R$ 300 mil por mês. Por exemplo, os salários de 13 atletas do Flamengo seriam suficientes para pagar a folha salarial completa do CSA. É importante lembrar que as informações sobre valores são divulgadas pelos próprios clubes.
Investimentos dessa dimensão são possíveis graças ao bom estado de suas finanças, consequência de uma excelente gestão financeira. Em 2012, último ano do mandato da presidente Patrícia Amorim, o Flamengo tinha um déficit de 20 milhões de reais e as dívidas chegavam a quase 800 milhões de reais, sendo a maior entre os clubes do Brasil.
Quando assumiu a presidência, em 2013, Bandeira de Mello tinha a difícil missão de equilibrar essa área. Então, foi instalada uma política de austeridade financeira, o que significa que os gastos teriam um controle rígido. Outro passo importante foi a renegociação das dívidas, principalmente através da Lei Profut, sancionada em 2015, com a intenção de auxiliar os times de futebol a solucionarem seus débitos fiscais.
Além de controlar as dívidas, a diretoria do rubro-negro buscou também uma forma de aumentar as receitas, ou seja, o dinheiro que entrava nos cofres do clube. Para isso, eles utilizaram sua maior força: a torcida, que possui quase 40 milhões de membros. O marketing desenvolveu ações e criou o programa de sócio torcedor “Nação Rubro-Negra”, que junto aos patrocínios recebidos pelo clube, alcançam mais de 100 milhões de reais por ano. Outra área que ultrapassa esse valor em faturamento é a renda arrecada com o público nos estádios. Para se ter uma ideia, no jogo entre Flamengo e Grêmio, válido pelas semifinais da Libertadores, o clube carioca teve uma arrecadação superior a R$ 8 milhões.
Ainda que o dinheiro vindo da torcida seja muito importante, a maior fonte de renda do rubro-negro é a venda dos direitos de transmissão. No último ano, foram arrecadados cerca de 220 milhões de reais com acordos de televisão e pay-per-view, segundo balanços financeiros divulgados pelo clube. Para 2019, é esperado que esse valor chegue aos R$ 264 milhões, representado 34% da receita total.
A venda de jogadores também vem sendo uma boa fonte de renda para o Flamengo. Por exemplo, somente com as vendas de Vinicius Junior (2017) e Lucas Paquetá (2018), foram arrecadados mais de R$ 250 milhões.
Diferente da anterior, os dados comprovam que a gestão de Bandeira de Mello deixou uma herança positiva para o atual presidente Rodolfo Landim, que assumiu o cargo em 2019. Agora, é esperado que os frutos sejam colhidos e o Flamengo consiga atingir as metas dentro de campo, sagrando-se campeão de grandes competições, como a Libertadores.
Fonte: FlaResenha