O desmatamento na Amazônia atingiu um ponto tão crítico que as chamadas florestas secundárias, nascidas em áreas desmatadas, não conseguem se desenvolver em ritmo necessário para absorver significativamente o carbono originado do corte da vegetação e ajudar nas mudanças climáticas.
A conclusão é de um estudo feito por cientistas brasileiros e britânicos, publicado no último domingo (11), na revista científica Global Change Biology.
Os pesquisadores mapearam a idade e a extensão das florestas secundárias na Amazônia brasileira e analisaram o papel na compensação das emissões de carbono provenientes de desmatamento desde 1985. Os cientistas descobriram que as florestas secundárias só conseguiram absorver 10% do carbono emitido pelos desmatamentos nesse período.
Um dos motivos para a baixa absorção é que o desmatamento ocorre em ritmo maior que a capacidade de recuperação da floresta. Além disso, as florestas secundárias também sofrem com a derrubada de árvores, atrasando ainda mais a recuperação.
"As estimativas sobre a capacidade de absorção de CO2 das florestas secundárias eram mais otimistas do que a realidade. Isso ocorreu porque eram baseadas em áreas de muita floresta. Mas a maioria dessas matas está nas frentes de desmatamento", explicou Joice Ferreira ao jornal O Globo. Ela faz parte da Embrapa Amazônia Oriental e participou do estudo.
"Uma floresta secundária é como uma criança, cresce depressa, mas demora para acumular massa e carbono. Já as florestas primárias, perenes e maduras guardam muito carbono armazenado", completou.
Fonte: Poder360