Hoje, 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, instituído pela Organização das Nações Unidas no final de 2007. Este ano, a data chega junto com as medidas restritivas para prevenção contra o coronavírus.
Se todos sofrem com as alterações na rotina, as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são as mais desafiadas pelo isolamento imposto, visto que a rotina, as atividades terapêuticas e a organização são essenciais para o grupo.
Mesmo nas cidades menores em que o vírus ainda não chegou, as medidas restritivas foram adotadas para prevenir a contaminação. Geyza Azevedo, mãe de uma criança de 6 anos com TEA, explica que está usando esse período para aumentar as interações entre família.
"Nos primeiros dias ele falava que queria ir pra escola. Eu falei pra ele que não estava tendo aula por causa do coronavírus. Ele vê falando no jornal e pergunta: 'mamãe é o coronavírus é?'. Ainda não expliquei direito pra ele o que é esse vírus, mas vou tentar falar de uma forma mais lúdica pra ele entender", afirma.
O filho de Maria do Socorro também está enquadrado no espectro autista. Ele tem síndrome de Asperger e já está no Ensino Médio, mas está sem ir à escola por causa da Covid-19. "A rotina mudou completamente porque as aulas foram suspensas. No início ele descansou mas logo começou a colocar as matérias em dia, [...] ele é muito tranquilo: fica em casa estudando, lendo ou jogando na internet."
As famílias que moram em locais em que a restrição é ainda mais intensa, em prédios ou casas menos espaçosas, enfrentam mais dificuldades para preencher o tempo. Uma sugestão para entreter os pequenos é abusar das brincadeiras, além de utilizar das ferramentas que a internet dispõe, sempre diversificando e procurando manter uma rotina.
"Para quem tem acesso a internet, vídeos e filmes ajudam bastante a diminuir a ansiedade. Quem não tem esse recurso pode resgatar as brincadeiras da nossa infância. Eu costumo brincar com os meus filhos das brincadeiras que eu brincava quando era criança", sugere Geyza.
A filha de Giordanna Oliveira teve as aulas suspensas a 15 dias atrás. A mãe, enfermeira treinada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), destaca a importância de manter a rotina mesmo que a criança não esteja indo à escola.
"É muito importante desenvolver outra rotina apesar da que já tinham. Usar quadro rotinas ao acordar, mostrando figuras do que vai ser feito. Por exemplo, agora de manhã vamos tomar banho, depois vamos tomar café, etc. Fazer atividades da escola e alguma atividade que a criança goste, como quebra-cabeça, pintura, pode dar uma pausa pra assistir desenho, contando que seja criada uma rotina", ressalta.
Para lidar com as alterações na rotina e no humor das crianças, Giordanna reforça que é preciso muita atenção e paciência. "Toda essa alteração de rotina é muito difícil para a criança com TEA. As birras, crises e estereotipias aumentam, mas estou trabalhando bastante e redirecionando. [...] com muita paciência e amor vamos superando".
Fonte: JTNEWS