O conflito entre Israel e Irã é um dos mais complexos e duradouros da atualidade, com raízes que remontam a longas décadas de confrontos indiretos, tensões permanentes e crescentes entre os dois países. Esta rivalidade é alimentada e fomentada por uma série de fatores regionais, territoriais, religiosos, ideológicos e geopolíticos, e tem sido apoiada por intervenções externas lideradas pelos Estados Unidos e Rússia, potências fortemente armadas e que estão também envolvidas em conflitos indiretos, terceirizados e permanentes.
Antecedentes do Conflito
Cerca de dois anos após a criação de Israel, em 1948, o Irã foi o segundo país muçulmano, depois da Turquia, a reconhecer o novo Estado, abrigando a maior comunidade judaica do Oriente Médio. Vale lembrar que antes da ruptura entre os dois países em 1979 no contexto da Revolução Iraniana, quando o Xá do Irã (o governante monárquico do país naquela época), aliado do Ocidente e de Israel, foi derrubado pelos fundamentalistas islâmicas, de acordo com O Analista de Segurança Nacional da CNN Peter Bergen, Israel tinha uma forte missão diplomática no Irã e importava 40% das suas necessidades petrolíferas deste país em troca de armas, tecnologia e produtos agrícolas (Jornal Ouest-France, 2024).
Então, como surgiu este conflito?
A rivalidade entre os dois Estados remonta à Revolução Islâmica de 1979, que levou ao (r)estabelecimento de um governo teocrático liderado pelo aiatolá Khomeini no Irã. A ascensão do governo islâmico iraniano foi vista com desconfiança por Israel, que até hoje considera o Irã como uma ameaça à sua segurança nacional, devido ao seu apoio a grupos militantes anti-israelenses, como o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Faixa de Gaza (RFI, 2023).
Além disso, o Irã adotou uma retórica anti-israelense brutal, negando o direito de existência de Israel e promovendo a causa palestina em fóruns internacionais. Por outro lado, Israel considera o Irã uma potencial ameaça nuclear por causa de seu programa de enriquecimento de urânio e das ambições regionais do regime islâmico (France Info, 2023).
Confrontos Indiretos e Tensões Crescentes
Ao longo de décadas, Israel e Irã têm se envolvido em confrontos indiretos por meio de procurações em regiões como o Líbano, Síria e Iraque. O Hezbollah, apoiado pelo Irã, tem lançado ataques constantes contra alvos israelenses, enquanto Israel tem realizado ataques aéreos contra alvos iranianos na Síria, visando impedir a transferência de ajudas avançadas para o Hezbollah. Além disso, a presença militar crescente do Irã na Síria e no Iraque tem despertado preocupações em Israel sobre uma possível ameaça à sua segurança na região. Em resposta, Israel tem intensificado seus esforços para conter a influência iraniana por meio de operações militares e diplomáticas, bem como do apoio a grupos rebeldes na Síria e no Líbano.
A Ruptura Atual
A ruptura direta e atual entre Israel e Irã pode ser atribuída a uma série de eventos recentes, incluindo a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã em 2018 e a escalada das tensões na região do Golfo Pérsico. O assassinato do general iraniano Qasem Soleimani em um ataque aéreo dos Estados Unidos em janeiro de 2020 também aumentou as tensões entre os dois países, levando a ameaças de vingança e retaliação por parte do Irã. Além disso, a normalização das relações entre Israel e alguns países árabes do Golfo, como os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, tem sido vista com desconfiança por Teerã, que considera esses acordos uma traição à causa palestina e uma tentativa de isolar o Irã na região. Porém, o ponto culminante deste conflito é o bombardeio de 1º de abril deste ano contra o consulado do Irã em Damasco, atribuído a Israel, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária, o exército ideológico iraniano. Após o ataque, as trocas de ameaças aumentaram.
Atualmente, o futuro do conflito entre Israel e Irã continua incerto, mas é fundamental que as partes envolvidas busquem uma solução diplomática para evitar uma escalada ainda maior das hostilidades e potenciais consequências para a segurança regional e global. A cooperação internacional e o respeito mútuo pelos interesses legítimos de cada país são essenciais para a construção de uma paz duradoura no Oriente Médio.
Fonte: JTNEWS