O Hipolitano do município de Monsenhor Hipólito, Ézio Raul Alves de Sá está participando da pesquisa sobre a cura da COVID-19 através da fruta típica piauiense, o Buriti.
O estudo foi publicado no Journal of Biomolecular Structure & Dinamics, importante publicação científica.
O material foi produzido pelo Grupo de Química Quântica Computacional & Planejamento de Fármaco, liderado pelo professor Francisco Lima, doutor em Química e professor das Universidades Estadual do Piauí (Uespi), do curso de Química, e do Programa de Doutorado em Química da Federal do Piauí (Ufpi).
O óleo de buriti é uma substância muito comum no Norte e Nordeste. “Há inúmeros usos que a própria população faz. É comum as pessoas utilizarem como repelente ou em picadas de cobra em animais. Sabe-se que também é antiinflamatório. Sabendo da vasta importância do fruto e da abundância dele, nós publicamos um artigo nesse sentido”, explica Francisco Lima.
O trabalho foi ideia de Allan Costa, aluno do doutorado que Francisco é professor, que testou as substâncias do óleo nas enzimas do Novo Coronavírus.
“Sabemos que a COVID-19 afetou todo o mundo, inclusive o dia-a-dia das pessoas. O pós-pandemia também será afetado, então o mundo todo busca uma solução. Fizemos um estudo, pegando a enzima do vírus, com 27 estruturas conhecidas mundialmente. Pegamos a enzima que tem 96% de similaridade com a COVID-19, que aqui no Brasil não foi totalmente esclarecido. De nove moléculas em sítios ativos que utilizamos, três obtiveram bons resultados”, revela o professor orientador.
Essas substâncias têm ligações duplas e insaturadas, átomos de oxigênio e anéis aromáticos que são fatores importantes. “Submetemos o artigo em uma revista internacional e tivemos uma resposta muito rápida, que mostram resultados coerentes”, acrescenta o doutor em química.
As moléculas com resultados positivos são possíveis inibidores da replicação do vírus.
“Queremos cessar a multiplicação do vírus no meio biológico. Isso nos deu muita alegria. É uma substância muito comum, utilizada como alimento. Os estudos são in vitro e in vivo, geralmente feito em camundongos. Assim podemos identificar os efeitos colaterais no baço e fígado. Com o processo in vitro, podemos reduzir em 40% a mortalidade das cobaias”, ressalta Francisco Lima.
O grupo de pesquisadores incluem professores do Piauí, Maranhão e Pará. Além de Allan e Francisco, também integram o projeto os professores Ézio Sá, Roosevelt Bezerra e Janilson Souza.
“O próximo passo são os testes que serão feitos em São Paulo, porque os laboratórios do Piauí não tem estrutura. Assim vamos contribuir com a ciência. Essa medicação vai seguir para testes in vitro, in vivo e testes clínicos em humanos. Medicamento não é feito do dia para a noite", explicou Francisco Lima.
"É preciso analisar os efeitos, as doses até chegar o produto final. Não é algo simples, até porque não temos investimento em pesquisa. Não temos um laboratório no Piauí adequado, por exemplo. Esperamos poder divulgar os produtos típicos do Brasil e do Piauí”, finaliza.
Fonte: É Notícias