A Secretaria de Saúde do Maranhão confirmou hoje (20/05) os primeiros casos oficiais da cepa indiana (B.1.617.2) do novo coronavírus no Brasil. Os contaminados foram seis tripulantes do navio Shandong da Zhi, que veio da África do Sul e foi fretado pela Vale para entregar minério de ferro em São Luís.
A confirmação veio em entrevista coletiva concedida pelo secretário de saúde Carlos Lula, que também é presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde). Segundo ele, seis dos 24 tripulantes fizeram o teste genômico pelo Instituto Evandro Chagas e todos testaram positivo.
Um dos tripulantes segue internado em um hospital particular de São Luís. O quadro de saúde dele é estável, segundo o último boletim médico. Agora, de acordo com a SES, dentro do navio continuam 14 tripulantes com COVID-19: Dois com sintomas leves e 12 assintomáticos. Outros nove não foram diagnosticados com a doença.
"É uma variante classificada como variante de atenção. Eu tive contato com o secretário de Segurança Sanitária do Ministério da Saúde e o ministro Marcelo Queiroga, logo pela manhã. O Ministério está enviando uma equipe e a gente tem atuado em conjunto com a Anvisa. Eu queria afirmar que todas as medidas estão sendo tomadas, a tripulação está toda isolada e o navio não tem permissão para atracar" afirmou Carlos Lula
O secretário informou ainda que cerca de cem pessoas tiveram contato com os tripulantes que testaram positivo. Elas devem ser testadas, acompanhadas e, se necessário, serão isoladas.
O navio Shandong da Zhi segue ancorado na costa de São Luís e todos os tripulantes estão isolados e acompanhados por profissionais de saúde, segundo a secretaria.
Homem foi internado no último sábado
A preocupação com a cepa indiana no país começou quando a Secretaria de Saúde informou, no último sábado (15/05), que um homem de nacionalidade indiana, de 54 anos, havia sido internado em um hospital de São Luís com sintomas do novo coronavírus.
O homem começou a sentir os sintomas da doença em 4 de maio e teve febre, segundo a SES. Logo depois, ele foi encaminhado em um helicóptero para um hospital da rede privada.
Na segunda (17/05), outros dois tripulantes do navio apresentaram sintomas da doença e foram encaminhados para o mesmo hospital, mas já tiveram alta e retornaram à embarcação, que segue em alto mar, em uma área de fundeio, e sem permissão para atracar em São Luís.
Variante preocupa
Segundo o Instituto Evandro Chagas, a linhagem B.1.617 foi reclassificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como sendo uma "variante de preocupação". Dessa linhagem provém outras três sub-linhagens: B.1.617.1, B.1.617.2 e B.1.617.3.
É a sub-linhagem B.1.617.2 que foi identificada nos tripulantes do navio e preocupa as autoridades de saúde, porque é a variante que tem se dispersado com mais eficácia atualmente. No Reino Unido, houve aumento de casos de COVID-19 por essa variante, inclusive com transmissão comunitária em escolas secundárias, lares de idosos e reuniões religiosas.
Em entrevista de imprensa na semana passada, a líder técnica da resposta à pandemia de COVID-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, afirmou que dados preliminares indicam que a variante originada na Índia tem capacidade de transmissão maior do que a cepa original do vírus.
Segundo a cientista chefe da entidade multilateral, Sumya Swaminathan, até onde se sabe, as vacinas contra a COVID-19 e tratamentos disponíveis são eficazes contra casos da cepa indiana. Ela ressaltou, no entanto, que as evidências ainda são recentes e é importante "dar tempo" para que mais dados sobre a variante B.1617 sejam coletados.
Fonte: JTNEWS com informações da UOL Noticias