O Ministério da Saúde afirmou nesta sexta-feira (17) que pode rever a orientação do uso de cloroquina e hidroxicloroquina no Brasil para o tratamento de COVID-19.
Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, disse que a orientação pode ser mudada com base em diversos estudos e publicações, e não em estudos isolados.
Para alterar o posicionamento, ele disse que precisa acompanhar evidências contra e a favor de todas as medicações, inclusive da cloroquina.
"A gente vai acompanhando, se houver informação a favor [do medicamento], possa ser que uma nota informativa se torne uma orientação formalizada. Se houver [informação] contra, pode ser que traga uma orientação contra", disse Neto.
"Não há problema nenhum em mudar a orientação, é preciso olhar as evidências, os fatos, o que estão trazendo em termo de ciência", afirmou.
A declaração foi dada após o secretário ser questionado sobre a ampliação da cloroquina mesmo após estudos recentes contrários à prescrição da droga e orientações de órgãos notáveis se posicionando contra o uso.
Após idas e vindas, a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou em 17 de junho que decidiu interromper os experimentos com hidroxicloroquina para tratamento de COVID-19 no estudo Solidarity, que está sendo realizado em vários países do mundo, com pacientes hospitalizados.
Segundo a organização, a revisão feita por um comitê independente e resultados de outros estudos mostraram que não houve redução na mortalidade dos doentes que receberam a droga.
Dias antes do primeiro anúncio da OMS, a FDA (agência que regula medicamentos nos Estados Unidos) também revogou a autorização de uso emergencial do medicamento naquele país, alegando que "não era mais razoável" acreditar que a droga tivesse eficácia contra a COVID-19.
O Hospital Israelita Albert Einstein, no mês de junho, recomendou que os médicos ligados à instituição não prescrevam cloroquina ou hidroxicloroquina a pacientes internados com COVID-19.
Antes, profissionais do corpo clínico aberto do hospital poderiam recomendar os remédios desde que os pacientes estivessem de acordo.
Fonte: Folha de S. Paulo