A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nessa quarta-feira (2) novas diretrizes para o tratamento da COVID-19. A organização agora recomenda o uso de corticoides no tratamento de pacientes que apresentem quadros graves da doença. Confira a íntegra, em inglês.
Para elaborar a nova diretriz, a OMS se baseou em sete ensaios clínicos. Os resultados foram analisados em uma pesquisa de meta-análise publicada no Jama (Journal of the American Medical Association) nessa quarta-feia (2).
Os pesquisadores acompanharam 1.700 pacientes e observaram redução de 20% na mortalidade do grupo que usou corticoide em comparação com o que teve o tratamento clínico padrão. A OMS alerta, no entanto, que o medicamento não deve ser usado em pacientes com quadros não severos de COVID-19.
“O medicamento não é recomendado aos paciente que apresentam sintomas, mas não tem sinais fisiológicos de quadro inflamatório, porque há uma preocupação de que ele possa causar danos a esse subgrupo”, disse Janet Diaz, chefe de Atendimento Clínico do programa de emergências da OMS.
Um dos ensaios clínicos foi feito no Brasil. A pesquisa brasileira aponta que o uso do antiinflamatório corticoide dexametasona diminui os dias com respiração artificial em pacientes adultos hospitalizados com síndrome respiratória aguda grave causada pela COVID-19.
Segundo o estudo, o número de dias fora do respirador artificial foi maior nos pacientes tratados com dexametasona (média de 6,6 dias) do que no grupo controle (média de 4 dias). O aumento de tempo fora do respirador artificial significa risco menor de complicações decorrentes da permanência em UTI (unidade de tratamento intensivo).
Os pesquisadores brasileiros não detectaram aumento no risco de novas infecções, alterações da glicose e outros eventos adversos sérios com o uso do corticoide.
A pesquisa foi realizada pelo grupo Coalizão COVID-19 Brasil, formado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva.
O estudo ocorreu de 17 de abril a 21 de julho. Participaram 299 pacientes com síndrome respiratória aguda grave causada pela COVID-19, submetidos a ventilação mecânica (respiração artificial) em 41 UTIs brasileiras.
Fonte: Poder360