A ONU (Organização das Nações Unidas), por meio de seu escritório de Direitos Humanos, pediu que uma investigação independente seja realizada sobre a operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro no bairro Jacarezinho, na zona norte da capital na última quinta-feira (6/5). O pedido foi realizado hoje (7/5) em uma entrevista à imprensa da organização em Genebra, na Suíça.
O porta-voz de Direitos Humanos da ONU, Rubert Colville, afirmou que a investigação deve ser realizada de acordo com os padrões internacionais. Ele disse ainda que a operação, que terminou com 24 civis e 1 policial mortos, é parte do histórico de uso “desproporcional e desnecessário” da força pela polícia. “A força só deve ser usada como último recurso e a polícia não tomou medidas para preservar as evidências na cena do crime”, afirmou Colville.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro também disse que vai solicitar uma investigação. O órgão quer saber se a operação descumpriu uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que restringe a realização de operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro durante o período da pandemia de COVID-19.
A decisão do ministro Edson Fachin, de junho de 2020, determinou que as operações policiais no Estado só devem ocorrer em situação de excepcionalidade e devem ser previamente comunicadas ao MP (Ministério Público).
A defensoria afirma que irá pedir uma fiscalização independente do STF para assegurar o cumprimento da decisão. A defensora pública Maria Júlia Miranda classificou o episódio de “chacina” e disse que falta transparência sobre a operação por parte da Polícia.
Na versão dos policiais o objetivo era combater grupos armados de traficantes de drogas vinculados à facção Comando Vermelho que estariam aliciando crianças para o crime.
Entenda o caso
Uma operação policial na favela de Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou ao menos 25 pessoas, incluindo um policial civil, mortas num tiroteio na tarde dessa quinta-feira (6/5).
A Polícia Civil afirma que lançou a operação após receber denúncias de que traficantes locais estariam aliciando crianças e adolescentes para a prática de ações criminosas. Dois passageiros do metrô foram atingidos - um por bala perdida e outro por estilhaços de vidro - mas sobreviveram.
Segundo o Geni-UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense), essa operação policial foi a mais letal da história do Rio de Janeiro, superando os recordes anteriores registrados na Vila Operária em Duque de Caxias (23 mortos em janeiro de 1998), no Alemão (19 mortos em junho de 2007) e em Senador Camará (15 mortos em janeiro de 2003).
Fonte: JTNEWS com informações do Poder 360