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Operação Mercúrio: carta revela atuação de advogados com membros do Bonde dos 40

O material foi apreendido em março deste ano em poder de dois detentos do Presídio Jorge Vieira.

Foto: Reprodução / Instagram
Jonas José Rocha Rodrigues e Maysa Chrislayne de Assis Sousa Silva

Confira cartas/bilhetes escritos por membros da facção criminosa Bonde dos 40 reclusos no sistema prisional de Timon-MA, que seriam entregues a familiares e a outros faccionados fora da prisão pelos advogados Jonas José Rocha Rodrigues e Maysa Chrislayne de Assis Sousa Silva, que foram presos preventivamente pelo GAECO durante a Operação Mercúrio, deflagrada nesta sexta-feira (13).

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Jonas José Rocha Rodrigues e Maysa Chrislayne de Assis Sousa Silva

As cartas e bilhetes foram apreendidas em março deste ano em poder dos detentos Lucas Farias dos Santos e Ernando Sérgio Carvalho Filho. O material foi examinado por perito do Instituto de Criminalística de Timon, que fez a devida transcrição.

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Promotor Francisco Fernando

Em entrevista, o promotor Francisco Fernando, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Maranhão, explicou que os presos escondiam as cartas em invólucros na garganta, para entregar aos advogados durante as visitas. “No dia em que elas foram apreendidas, esses presos traziam consigo as cartas na garganta, em papéis, invólucros muito bem enrolados. Na oportunidade, inclusive, os dois advogados presos aguardavam por essas cartas”, explicou o promotor

Participação dos advogados nos crimes
Ainda conforme o promotor, a partir dos recados escritos ficou explícito que os advogados Jonas José e Maysa Chrislayne tinham participação direta nas ações criminosas de tráfico de drogas da célula do Bonde dos 40.

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Transcrição da carta em que um dos detentos cita os advogados Jonas e Maysa

“Foi feita a transcrição pelo Instituto de Criminalística e a partir daí ficou bem evidente em que consistia a conduta dos advogados. Eles levavam informações, levavam a própria droga, as cartas, que diziam respeito inclusive a gestão e cobranças referentes a ‘biqueiras’ que eles chamam também de lojinhas ou as bocas [de fumo]. Os advogados chegavam a ser expressamente mencionados como pessoas de confiança e que já faziam esse tipo de prática, de intermediação, tráfico de drogas, já há algum tempo”, completou Fernando Francisco.

Advogados eram chamados de “gravatas”
Nas cartas os advogados eram mencionados como “gravatas”. Em uma delas, endereçada a “Marion” e “Bin Laden”, o detendo de alcunha “Novim” afirma que “o gravata [Jonas José] vai ficar na responsa do corre” e as contas para receber seriam cobradas pela “gravata Maisa” (advogada que foi presa na Operação Mercúrio).

Mais cartas apreendidas na fase ostensiva da Operação Mercúrio
O delegado Ricardo Herlon, do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DECCOR), afirmou que durante as buscas realizadas nesta sexta-feira, os policiais encontraram mais cartas no imóvel ligado ao advogado preso preventivamente na fase ostensiva da Operação Mercúrio.

Foto: Reprodução / GP1Delegado Ricardo Herlon
Delegado Ricardo Herlon

“Hoje nós conseguimos arrecadar na residência do advogado muito material relacionado a cartas e bilhetes e a gente já sabia desse tipo de atividade dele, levando a trazendo comunicação do sistema penitenciário. E com essa arrecadação desse material na casa dele corroborou e fortaleceu os elementos de provas. Esse material vai passar por análise, vai passar por transcrição de exame pericial para posterior juntada ao processo. Ele gozava dessa reputação, principalmente no meio acadêmico, onde ele era titular de uma cadeira em uma das faculdades locais, inclusive, ensinando o processo penal”, pontuou o delegado Ricardo Herlon.

Ao todo, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva, dois deles contra os advogados e outros cinco detentos que já estavam presos no sistema prisional.

Fonte: JTNEWS com informações do GP1

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