O ex-velocista piauiense Cláudio Roberto de Sousa, 47 anos, recebeu na manhã desse domingo (13/12), uma medalha olímpica de prata 20 anos, dois meses e 13 dias depois de conquistá-la. O prêmio é referente ao revezamento 4x100m brasileiro e deveria ter sido entregue ao atleta em 30 de setembro de 2000, durante as Olimpíadas de Sydney.
"Essa sensação eu já venho sentindo desde quando eu fiquei sabendo que o erro ia ser reparado. Então quando eu fiquei sabendo o coração já disparou e fiquei naquela ansiedade para saber a data, o local da entrega e quando a medalha ia chegar ao Brasil", contou Cláudio Roberto, em entrevista ao JTNEWS.
A cerimônia que corrigiu a injustiça histórica se deu após as provas do Troféu Brasil de Atletismo. O ex-velocista contou com a companhia dos quatro atletas que foram titulares naquele revezamento e que ganharam suas medalhas 20 anos atrás: Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Claudinei Quirino.
A medalha foi entregue pelo diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Rogério Sampaio, pelo ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, membro do Brasil no Comitê Olímpico Internacional (COI), e por Warlindo Carneiro, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Claudinho, como é conhecido no meio do atletismo, ainda correu na pista ao lado dos amigos, em um revezamento simbólico em homenagem à marca.
Entenda a história
No dia 30 de setembro de 2000, na final do 4x100m de Sydney 2000, o Brasil (com os atletas Vicente, Edson, André e Claudinei) cravou o tempo de 37s90 e conquistou a medalha de prata, atrás dos Estados Unidos (37s61) e logo à frente de Cuba (38s04).
Mesmo sendo reserva e tendo corrido apenas a eliminatória da prova, no dia anterior Cláudio teria direito à medalha. Só não foi ao pódio naquele momento porque o protocolo restringe a cerimônia aos quatro atletas que correm a final.
Cláudio foi informado de que ganharia a medalha dele "nos bastidores". No entanto, como a equipe partiria de volta para o Brasil no dia seguinte para comemorações e homenagens, o piauiense acabou avisado por autoridades da delegação do país que deveria receber a distinção em solo nacional. A medalha, porém, jamais chegou às suas mãos.
Nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, um dirigente do COB entregou a Cláudio um pin (broche) destinado aos medalhistas olímpicos e disse que era uma maneira de o COI reparar a injustiça.
Após 19 anos de espera, o vice-presidente da atual gestão do COB, Marco Antônio La Porta, soube da história ao se encontrar com Cláudio em um evento em Teresina (PI), para onde o ex-velocista se mudou em 2018. E, junto ao diretor de esporte do comitê olímpico, Jorge Bichara, achou que era hora de ressuscitar a história.
O COB então entrou em contato com o COI para checar a possibilidade de se reavaliar o caso. Por quatro meses, os dois comitês trocaram ofícios e promoveram reuniões. Em 6 de maio, o COI comunicou o COB de que encaminharia a honraria, assim como um novo pin e um diploma de medalhista olímpico.
Segundo Cláudio Roberto, a medalha levou três meses para chegar ao Brasil e ficou parada no COB, devido à pandemia de COVID-19. Nesse meio tempo, o Comitê pensou em uma forma de entregá-la com alguma pompa a Cláudio, levando em consideração as restrições impostas pela pandemia do novo Coronavírus. A opção encontrada foi fazê-lo durante o Troféu Brasil de Atletismo, que terminou nesse domingo (13/12).
"Depois que fiquei sabendo que a medalha seria entregue no Troféu Brasil, a ansiedade ficou maior ainda, pois já era algo concreto e eu sabia que haveria uma cerimônia de entrega, pois o COI exigiu que fosse feito assim", contou o ex-velocista ao JTNEWS.
O atleta afirma que, após a receber a medalha, a sensação que ficou foi a de dever cumprido. "Foi algo muito emocionante. Dentro de uma pista de atletismo, no Troféu Brasil de Atletismo, me sentindo em casa. Eu acho que não poderia ter sido melhor. E depois que você recebe a medalha aí vem aquela sensação de dever cumprido, uma sensação de sonho realizado", declarou.
Fonte: JTNEWS