Adiada em um ano por conta da pandemia do novo coronavírus e acontecendo ainda em meio a restrições, protocolos sanitários e pouquíssima presença de público, a Olimpíada de Tóquio teve seus primeiros lances com o softbol em Fukushima, seguido pelo futebol feminino disputado em Sapporo, Miyagi e também na capital para fechar o dia 1 do evento nesta quarta-feira (21), ainda enxuto e anterior à abertura oficial marcada para sexta (23).
Mas mesmo que os olhos do planeta pudessem estar curiosos para finalmente acompanharem os Jogos, as emoções esportivas dividiram espaço com as inevitáveis discussões a respeito da Covid-19. A última atualização oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI) chegou a 75 casos da doença entre pessoas credenciadas para o evento.
Questionado, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, falou em Tóquio nesta quarta que "não há risco zero na vida; há apenas mais ou menos risco". Em seguida, porém, ele elogiou a realização da Olimpíada, com comentários que atenuavam o tom crítico acerca da possibilidade de expansão do vírus e falando sobre a necessidade de agir rápido em caso de contaminados. "Que os raios de esperança daqui iluminem uma nova alvorada de um mundo mais saudável, seguro e justo", disse.
Enquanto isso, pela tela da televisão, quem acompanhou competições esportivas no último ano e meio já poderia imaginar o clima das primeiras imagens das equipes de softbol de Austrália e Japão em campo, abrindo o maior evento do planeta.
Cumprimentos à distância, ausência de torcida e algumas pessoas vestindo máscaras no entorno do jogo. Tudo isso em Fukushima, na região devastada por terremoto, tsunami e acidente nuclear há dez anos, reforçando uma ideia dupla de reconstrução: a da área que sofreu com uma das maiores tragédias da história do país e a de um mundo vivendo uma grave crise por conta de um novo vírus.
Um pouco de público... e gols
Quem varou a madrugada brasileira só foi ver um pequeno grupo de torcedores já quase de manhã, no jogo da seleção feminina de futebol do Brasil, que estreou com goleada contra a China e conseguiu ouvir, ainda que timidamente, os gritos da torcida.
Miyagi é uma das poucas sedes com liberação de público parcial durante a Olimpíada e foi com este clima um pouco mais caloroso que a seleção começou a campanha em busca da inédita medalha de ouro.
A seleção brasileira aliou a vitória a uma boa atuação para somar seus primeiros 3 pontos. O time de Pia Sundhage espantou cedo o nervosismo das estreias, abriu o placar logo aos 9 minutos, com Marta, ampliou aos 22, com Debinha, e não correu mais riscos de perder a dianteira depois disso.
No segundo tempo, apenas uma bola na trave assustaria o Brasil, aos 21 minutos do segundo tempo. Depois, disso, as jogadoras do Brasil construíram a goleada, com Marta novamente – que se tornou a primeira jogadora a marcar em cinco Olimpíadas – Andressa Alves e Bia Zaneratto.
O retorno do softbol
A abertura das disputas olímpicas ficou com o softbol, modalidade voltada apenas para mulheres nos Jogos, enquanto o beisebol fica com disputa somente masculina. Ambos foram retirados da agenda para Londres-12 e Rio-16, e voltaram agora muito por conta da importância que têm para o Japão -- na última reunião visando Paris-2024, as duas modalidades foram novamente excluídas do evento.
Estados Unidos e Japão são as equipes favoritas a decidirem o ouro. Elas vêm de sete finais consecutivas de Copa do Mundo e fizeram a última final olímpica, em Pequim-2008, com vitória das asiáticas. Ambas começaram vencendo nesta rodada inaugural; as japonesas fizeram 8 a 1 sobre a Austrália e garantiram a vitória antecipada, confirmada neste esporte quando um time abre sete pontos a partir da quinta de sete entradas - é por isso chamada de "regra de misericórdia”, já que não haveria mais chance de virada. Na sequência, as norte-americanas tiveram um placar mais tímido contra a Itália, ganhando por 2 a 0, e o Canadá fez 4 a 0 no México.
A atleta japonesa Minori Naito desliza e se choca com a australiana Taylah Tsitsikronis no duelo entre as seleções
Desfalque no tênis
Bruno Soares está fora dos Jogos Olímpicos. Ele faria dupla com Marcelo Melo, mas se sentiu mal no voo para o Japão na última segunda-feira (19), teve confirmada uma apendicite com necessidade de cirurgia e não conseguirá se recuperar a tempo de disputar o torneio de tênis. Ele passa por procedimento nesta quarta (21).
Bruno e Melo jogariam a Olimpíada juntos pela terceira vez, e alimentavam chances de medalha em Tóquio. Sem Bruno, Marcelo Melo agora terá Marcelo Demoliner como parceiro no torneio de duplas. Demoliner jogaria ao lado de Thiago Monteiro, que agora segue apenas para o torneio de simples.
O fenômeno Douglas Souza
A delegação brasileira tem um novo xodó. Douglas Souza, da seleção masculina de vôlei, acordou nesta quarta-feira (21) com milhares de novos seguidores nas redes sociais, que acompanham a sua jornada olímpica no Japão, com bastidores das acomodações e detalhes da rotina dos atletas.
Os tenistas brasileiros, diante de termômetros sempre acima dos 30°C e às vezes com sensação de 40°C, também têm marcado os treinos para o meio-dia, buscando o pico do sol para a ambientação.
Vale lembrar que em 1964, quando a Olimpíada foi realizada pela primeira vez em Tóquio, os Jogos aconteceram em outubro, exatamente para escapar desse ambiente extremamente quente e úmido do mês de julho.
Olimpíada voltará para a Austrália
Brisbane foi confirmada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como sede dos Jogos Olímpicos de 2032. Na cidade australiana, uma multidão se reuniu para assistir ao anúncio em telões – é a terceira cidade australiana a receber a Olimpíada, depois de Melbourne, em 1956, e Sydney, em 2000.
Depois de duas edições que terão horários um pouco mais próximos do brasileiro, em Paris, em 2024, e em Los Angeles, em 2028, o esporte voltará a ser uma atração da madrugada para quem vive no Brasil.
Fonte: JTNEWS com informações da CNN Brasil