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UNAIDS: pessoas vivendo com HIV devem ser envolvidas nas políticas de saúde

O relatório foi lançado no Quênia nesta terça-feira (26)

Foto: Nações Unidas
O relatório foi lançado no Quênia nesta terça-feira (26) pela diretora-executivo do UNAIDS, pelo secretária de Saúde do Gabinete do Quênia e por representantes de comunidades locais.

Novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), divulgado às vésperas do Dia Mundial contra a AIDS, mostra que em comunidades nas quais as pessoas que vivem com HIV estão envolvidas na tomada de decisões e na prestação de serviços de saúde, o número de novas infecções diminui e o tratamento é mais disseminado.“Quando pessoas e comunidades têm poder e domínio sobre suas escolhas e decisões, as mudanças acontecem”, disse Winnie Byanyimdiretora-executiva do UNAIDS.

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“Quando pessoas e comunidades têm poder e domínio sobre suas escolhas e decisões, as mudanças acontecem”, disse Winnie Byanyima (esquerda), diretora-executiva do UNAIDS.

“A solidariedade de mulheres, jovens, gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas e pessoas transgênero transformou a epidemia de AIDS — capacitá-los acabará com a epidemia.”

O relatório foi lançado no Quênia nesta terça-feira (26) pela diretora-executivo do UNAIDS, pelo secretária de Saúde do Gabinete do Quênia e por representantes de comunidades locais. O documento mostrou progresso significativo, particularmente na expansão do acesso ao tratamento.

Em meados de 2019, estima-se que 24,5 milhões das 37,9 milhões de pessoas que vivem com HIV no mundo tinham acesso ao tratamento. À medida que a implementação do tratamento continua, menos pessoas estão morrendo de doenças relacionadas à AIDS.

“A parceria entre governo e sociedade civil, juntamente com o envolvimento significativo das comunidades, permitiu-nos reduzir significativamente novas infecções por HIV e mortes relacionadas à AIDS”, disse Sicily Kariuki, secretária de Saúde do Gabinete do Quênia. “As comunidades são o centro da resposta à AIDS e são essenciais para acabar com a AIDS.”

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O relatório foi lançado no Quênia nesta terça-feira (26) pela diretora-executivo do UNAIDS, pelo secretária de Saúde do Gabinete do Quênia e por representantes de comunidades locais.

de infecções por HIV, no entanto, é misto e 1,7 milhão de pessoas foram infectadas com o vírus em 2018. As novas infecções por HIV diminuíram 28% entre 2010 e 2018 na África Oriental e Austral, a região mais afetada pelo HIV.

Em um sinal promissor, a taxa de incidência de HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens com idades entre 15 e 24 anos na região diminuiu de 0,8% em 2010 para 0,5% em 2018, um declínio de 42%.

No entanto, mulheres jovens e meninas ainda sofrem o maior impacto de novas infecções por HIV —quatro em cada cinco novas infecções por HIV entre adolescentes na África Subsaariana estão entre meninas.

Fora da África Oriental e Austral, as novas infecções por HIV caíram apenas 4% desde 2010. O aumento de novas infecções por HIV em algumas regiões traz uma preocupação crescente. O número anual de novas infecções por HIV aumentou 29% na Europa do Leste e na Ásia Central, 10% no Oriente Médio e Norte da África e 7% na América Latina.

“Em muitas partes do mundo, houve um progresso significativo na redução de novas infecções pelo HIV, na redução de mortes relacionadas à AIDS e na discriminação, especialmente no leste e no sul da África, mas a desigualdade de gênero e a negação dos direitos humanos estão deixando muitas pessoas para trás”, disse Byanyima.

“As injustiças sociais, a desigualdade, a negação dos direitos de cidadania, somados ao estigma e à discriminação, estão impedindo o progresso em relação ao HIV e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”

Poder junto

O relatório mostra que, quando pessoas e comunidades têm poder e domínio sobre suas escolhas e decisões, as mudanças acontecem.

As comunidades colocaram princípios centrados nos direitos e nas pessoas no cerne dos programas de HIV, garantindo que as respostas à AIDS abordem as desigualdades e injustiças que alimentam a epidemia.

Mulheres e meninas são a espinha dorsal do apoio aos cuidados em suas famílias e comunidades, fornecendo trabalho não remunerado e muitas vezes subvalorizado no cuidado de crianças, doentes, idosos e deficientes, além de frágeis sistemas de apoio social. Isso deve mudar. O envolvimento e a liderança das comunidades de mulheres são vitais na resposta ao HIV, segundo o UNAIDS.

“Como liderança comunitária, sou capaz de me relacionar com as pessoas e entender melhor suas origens do que alguém de fora. Eu tenho vivido abertamente com HIV por 25 anos, então as pessoas me procuram com seus problemas, como estigma, revelação do estado sorológico e adesão ao HIV. Eu nunca me afastei deste papel, pois sou parte desta comunidade”, disse Josephine Wanjiru, ativista da comunidade de pessoas vivendo com HIV em Kiandutu, Thika, no Quênia.

O poder de escolher

Mulheres e meninas estão exigindo métodos contraceptivos integrados e opções de testagem, prevenção, e cuidados para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Quase 40% das mulheres adultas e 60% das meninas adolescentes (de 15 a 19 anos) na África Subsaariana têm necessidades não atendidas de contracepção moderna.

Em vários países da África Subsaariana, o consumo de medicamentos por mulheres jovens para prevenir o HIV — profilaxia pré-exposição (PrEP) — demonstrou ser alto em projetos que integram a PrEP a serviços de saúde amigáveis à juventude e a clínicas de planejamento familiar e quando a oferta de PrEP é feita separadamente dos serviços de tratamento.

Onze milhões de circuncisões cirúrgicas voluntárias para prevenir o HIV foram realizadas desde 2016, 4 milhões somente em 2018 nos 15 países prioritários.

O poder de saber

O poder de saber permite que as pessoas se mantenham livres do HIV ou, caso vivam com o vírus, mantenham-se saudáveis.No entanto, as pessoas estão descobrindo seu estado sorológico para HIV tarde demais, algumas vezes anos depois de terem se infectado, levando a um atraso no início do tratamento e facilitando a transmissão do HIV a parceiros e parceiras.

Em Moçambique, por exemplo, o tempo médio para o diagnóstico após a infecção nos homens foi de quatro anos.A adesão ao tratamento eficaz suprime o vírus a níveis indetectáveis, mantendo as pessoas saudáveis ​​e impedindo a transmissão. Saber disso permite às pessoas que vivem com HIV a oportunidade de levar uma vida normal, confiantes de que estão protegendo seus entes queridos e enfrentando estigma e discriminação.

O autoteste para o HIV agora está ajudando mais pessoas a descobrir seu estado sorológico para HIV com privacidade, quebrando as barreiras do estigma e da discriminação e facilitando a retenção ao tratamento.O conhecimento do HIV entre os jovens é assustadoramente baixo em muitas regiões. Nos países com dados de pesquisas recentes disponíveis, apenas 23% das mulheres jovens (15 a 24 anos) e 29% dos homens jovens (15 a 24 anos) têm conhecimento abrangente e correto sobre o HIV.

Estudos mostram que a educação sexual abrangente não leva ao aumento da atividade sexual, ao risco sexual ou a taxas mais altas de infecção pelo HIV ou outras infecções sexualmente transmissíveis.

O poder de prosperar

O poder de prosperar é garantir que as pessoas tenham direito a saúde, educação, trabalho e um padrão de vida adequado à sua saúde e ao seu bem-estar. Novas infecções por HIV entre crianças caíram 41% desde 2010 e quase 82% das mulheres grávidas que vivem com HIV estão em terapia antirretroviral.

No entanto, milhares de crianças não estão sendo alcançadas por estes avanços. Metade de todas as crianças nascidas com HIV que não são diagnosticadas precocemente morrerá antes do segundo aniversário. Globalmente, apenas 59% das crianças expostas ao HIV foram testadas antes dos 2 meses de idade.

Em 2018, 160.000 crianças (de 0 a 14 anos) foram infectadas novamente pelo HIV e 100.000 crianças morreram de uma doença relacionada à AIDS. Elas morreram porque não foram diagnosticadas ou por falta de tratamento — uma constatação chocante de como as crianças estão sendo deixadas para trás.

As desigualdades de gênero, normas e práticas patriarcais, violência, discriminação, outras violações de direitos e acesso limitado a serviços de saúde sexual e reprodutiva exacerbam o risco de infecção pelo HIV entre adolescentes e jovens, principalmente na África Subsaariana. A cada semana, cerca de 6.000 mulheres jovens (de 15 a 24 anos) são infectadas pelo HIV.

Em Eswatini, um estudo recente mostrou que meninas e mulheres jovens que sofreram violência de gênero tinham 1,6 vez mais chances de adquirir o HIV do que aquelas que não passaram por este tipo de situação.

O mesmo estudo também mostrou que o empoderamento econômico de mulheres e meninas ajudou a reduzir novas infecções por HIV entre mulheres em mais de 25% e aumentou a probabilidade de mulheres jovens e meninas voltarem à escola e terminarem seus estudos.

Populações-chave estão sendo deixadas para trás

Populações-chave e seus parceiros são responsáveis ​​por pelo menos 75% das novas infecções por HIV fora da África Subsaariana e são menos propensas a receber tratamento do que outras.

Mais de um terço das populações-chave não conhece seu estado sorológico para o HIV. O apoio da liderança comunitária entre gays e outros homens que fazem sexo com homens é eficaz para aumentar a aceitação da PrEP, promover sexo mais seguro, aumentar as taxas de testagem para HIV e apoiar a adesão ao tratamento.

As pessoas trans estão sujeitas a discriminação em todas as esferas da vida, incluindo educação e emprego — apenas 10% trabalham na economia formal. Mas é o ativismo comunitário que tem chamado atenção para os direitos e realidades das pessoas trans, algo que deveria ter ocorrido há muito tempo.

Alguns estudos mostraram que as atividades de empoderamento comunitário entre profissionais do sexo podem aumentar o uso de preservativos com clientes em três vezes e reduzir a infecção pelo HIV em mais de 30%.

O poder de demandar

O poder de demandar dá às comunidades e indivíduos o poder de participar das decisões que os afetam. Houve relatos de repressão, restrições e até ataques a grupos e campanhas que apoiam populações-chave.

Alguns governos se recusam a reconhecer, apoiar ou envolver as organizações comunitárias em suas respostas nacionais ao HIV e, posteriormente, perdem seu enorme potencial para alcançar as pessoas mais afetadas pelo vírus.

Pessoas e comunidades vão acabar com a AIDS

O trabalho de organizações de liderança comunitária é único e poderoso e pode ter um impacto substancial sobre como o mundo se une para acabar com a AIDS.

O UNAIDS insta todos os países a apoiar e capacitar plenamente as suas organizações de liderança comunitária, a garantir que elas tenham assento em todas as mesas de tomada de decisões relativas à saúde e bem-estar de seus membros comunitários e a remover quaisquer barreiras ao seu envolvimento ativo na resposta ao HIV.

Somente com o financiamento e o apoio total ao trabalho das organizações comunitárias, o fim da AIDS se tornará realidade.

Estima-se que, em 2019:

*24,5 milhões [21,6 milhões—25,5 milhões] de pessoas têm acesso à terapia antirretroviral (*até o final de junho de 2019).
37,9 milhões [32,7 milhões—44,0 milhões] de pessoas em todo o mundo estejam vivendo com HIV (até o fim de 2018).
houve 1,7 milhão [1,4 milhão—2,3 milhões] de novas infecções por HIV (até o fim de 2018).
770 000 [570 000—1,1 milhão] de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS (até o fim de 2018).
74,9 milhões [58,3 milhões—98,1 milhões] de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da epidemia (até o fim de 2018).
32 milhões [23,6 milhões—43,8 milhões] de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS desde o início da epidemia (até o fim de 2018).

Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).

Fonte: Nações Unidas

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