Na antiguidade, por milênios, muitas culturas mundo afora relacionavam os eclipses do Sol a pragas, a presságio de algo ruim ou punição dos deuses. Com o florescimento da ciência e da tecnologia no século 17, no entanto, os mitos criados foram pouco a pouco sumindo para dar lugar ao que hoje se tornou o evento, um espetáculo da natureza, mas que ainda provoca espanto e admiração por onde passa.
Neste sábado (14/10), os brasileiros terão mais uma oportunidade de acompanhar um eclipse solar anular, quando a Lua cobre o astro, mas deixando um aro de fogo ao seu redor. Não serão todas as regiões do Brasil, porém, que poderão acompanhar todo o esplendor deste fenômeno. E também não por muito tempo.
Tire abaixo as suas dúvidas em relação ao último eclipse solar visível no país neste ano.
COMO VAI SER O ECLIPSE SOLAR DO DIA 14 DE OUTUBRO NO BRASIL?
O eclipse solar deste sábado será do tipo anular, que ocorre quando o tamanho aparente da Lua é menor do que o do Sol, deixando visível um anel de luz ao seu redor, que é chamado de anel de fogo. A última vez que esse evento pôde ser observado a partir do Brasil foi em 3 de novembro de 1994, há quase 29 anos, quando a região Sul do país teve a visão da totalidade, ou seja, o anel de fogo ficou perfeito no céu.
ONDE SERÁ POSSÍVEL OBSERVAR O ECLIPSE ANULAR NA SUA TOTALIDADE?
O eclipse poderá ser observado em todo o território brasileiro na sua parcialidade. No entanto, o anel de fogo poderá ser observado apenas nas regiões Norte e Nordeste, começando no Amazonas, passando pelo Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, uma pequena parte de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. As únicas capitais no caminho da anularidade são Natal (RN) e João Pessoa (PB).
QUAL O MELHOR HORÁRIO PARA OBSERVAR O ECLIPSE?
O eclipse anular começará a ser visto de forma completa no Amazonas por volta de 12h05, seguindo para Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, até por volta das 17h50.
É POSSÍVEL OBSERVAR O ECLIPSE A OLHO NU?
Segundo Filipe Monteiro, astrônomo do Observatório Nacional, é preciso tomar cuidado ao observar o Sol e não é recomendável observar o eclipse a olho nu porque pode causar queimaduras na retina, lesão que é irreversível.
"Se é um eclipse total do Sol, ou seja, quando ele fica totalmente eclipsado pela Lua, seria até possível, mas não é ideal porque aquele evento dura alguns minutos, e se você se descuidar pode ter o seu olho afetado. Ainda mais neste caso, que é um eclipse anular, ou seja, o Sol não vai ser totalmente eclipsado pela Lua. Então, vamos ter o anel de fogo e a luz do Sol ainda estará chegando à Terra, mesmo nas regiões de totalidade do eclipse. Por isso, tem que ser utilizado um filtro específico para esses casos."
QUE TIPOS DE MATERIAL PODEM SER USADOS COMO FILTRO?
O astrônomo diz que existem alguns filtros no mercado que servem para bloquear grande parte da luz proveniente do Sol, como o vidro de soldador, ou filtro de soldador, número 14 ou maior (ISO 12312-2). "Esse filtro vai bloquear a maior parte da luz do Sol e só uma quantidade pequeniníssima vai conseguir passar pelo filtro, e essa quantidade é suficiente para que não prejudique nossos olhos", afirma Monteiro.
"Mas é válido ressaltar que o filtro de soldador deve ser usado com cautela, sendo recomendado utilizá-lo por intervalos de curtos períodos, alternando a observação com um momento de 'descanso'. Assim, quem tiver apenas em mãos o filtro de soldador, é recomendado utilizar para observação por cerca de 10 segundos e descansar a vista por um tempo mínimo de 1 minuto. Por isso, dê preferência aos filtros e/ou instrumentos apropriados para a observação solar", destaca o astrônomo.
POSSO OBSERVAR O ECLIPSE COM ÓCULOS ESCUROS OU CHAPA DE RAIO-X?
Não. Os especialistas não recomendam o uso de óculos escuros nem chapas de raio-X porque esses materiais não costumam bloquear as radiações ultravioleta (UV) e infravermelha (IR), que provocam lesões nos olhos.
QUAIS SÃO AS FORMAS DE OBSERVAÇÃO INDIRETA?
Quem não tiver o filtro ideal para a observação direta do eclipse anular pode usar técnicas de visualização indireta. Uma delas é fazer um furo em um papel ou papelão e este então é posicionado de forma a apontar para o Sol. Assim, a imagem do Sol é projetada num anteparo atrás da folha, que pode ser uma parede, outro papel ou qualquer superfície limpa. Em hipótese alguma deve-se olhar para o Sol através do furo que foi feito no papel.
Outro método é pelo uso de uma caixa de papelão onde um furo é feito numa das paredes, por onde entra a luz do Sol, que é então projetada na parede oposta. Você pode deixar a caixa destampada ou fazer uma pequena janela, através da qual poderá verificar a projeção do Sol.
HAVERÁ TRANSMISSÃO AO VIVO DO ECLIPSE?
Sim. O Observatório Nacional está coordenando uma ação integrada nacional e internacional para observar e transmitir o eclipse anular. Nessa ação, os parceiros internacionais cederão as imagens do eclipse quando estiver ocorrendo na parte oeste dos EUA, parte da América Central e Colômbia. Quando a sombra da Lua atingir o Brasil será a vez de os astrônomos brasileiros cederem suas imagens para os parceiros internacionais.
Para o público, esta ação transformará um evento de 4 minutos em um grande evento de 6 horas de duração. A transmissão pelo canal do YouTube do Observatório Nacional terá início às 11h30, quando o eclipse anular estará começando na costa oeste dos EUA, e vai acompanhar todo o percurso da anularidade até que chegue ao seu final na costa leste do Brasil, por volta das 17h50 (horários de Brasília)
Fonte: JTNEWS com informações da Folha de S.Paulo