A vice-governadora Regina Sousa destacou as ações do Governo do Estado para assistência à população em situação de rua. Ela citou três iniciativas. A primeira foi o fornecimento de alimentação, a segunda foi a sanção da lei que institui a Política Estadual para a População de Rua; e a terceira, a cessão de um espaço para acolhimento dessas pessoas, a Escola Anicota Burlamaqui, na zona sul de Teresina.
Regina Sousa explicou que a intenção era construir um espaço para o acolhimento da população de rua, mas devido à pandemia do Novo Coronavírus, foi necessário encontrar um local para essas pessoas e fazer as adaptações necessárias na escola que oferece cursos e, em breve, terá o ensino médio profissionalizante e o Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
No local, também funciona a sede da Associação Beneficente São Paulo Apóstolo, a mantenedora da Pastoral do Povo de Rua. “Estamos dando passos que são necessários para que as pessoas tenham dignidade, independente delas estarem nas ruas,” contou a vice-governadora que lembrou que no mandato como senadora encontrou uma pessoa que disse que gostava de viver nas ruas, mas queria ter direitos.
“Às vezes é uma opção de liberdade viver nas ruas, convivo com a população de rua há 40 anos e tudo é no tempo deles, a adaptação deles envolve todo um processo,” explicou Regina Sousa que foi voluntária no Movimento Meninos e Meninas de Rua na década de 1980. Ela informou que no orçamento estadual deste ano, o governo destinou, por meio do programa PRO Social, recursos para a população de rua.
A Pastoral do Povo de Rua funciona há oito anos e é ligada à Igreja Católica. O arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito, disse que a igreja faz um trabalho contínuo junto aos moradores de rua, mostrando que a realidade não pode ser esquecida e que, por meio da fé, ensinar as pessoas a olharem o próximo como irmão.
“A fé em Deus nos leva necessariamente a olhar o próximo. De modo que, se a gente invocasse a Deus e não olhasse o irmão, estaríamos sendo falsos”, diz o religioso.
O desafio diário da pastoral é conquistar as pessoas que vivem nas ruas para que elas busquem o acolhimento. “A população de rua não se enquadra e não se molda de forma impositiva,” explicou Ercília Amorim, da coordenação da Pastoral do Povo de Rua.
Ela contou que quando elas procuram o atendimento, a entidade desenvolve a sistemática de trabalho que é construída coletivamente entre eles e a equipe composta por profissionais que incluem psicólogos e terapeutas.
“É uma convivência enriquecida entre eles e a pastoral cumpre a missão de acolher para ajudar a restaurar a dignidade e dar condição de vida a todos eles”, destaca a coordenadora.
Um exemplo desse trabalho da pastoral é Márcia Rejane de Sousa Menezes, 44 anos, natural de Regeneração. Ele ficou 22 anos em situação de rua. Fez tratamento em comunidades terapêuticas, teve recaídas e há cinco meses está sóbria. Ela é um das acolhidas pela entidade, fez curso de limpeza e higiene e é voluntária na cozinha. Márcia contou que morou quatro anos nas ruas, foi humilhada, espancada, comeu alimentos do lixo e, após adoecer, resolveu mudar de vida. E com ajuda do marido Marcelo foi para o abrigo.
“No abrigo, me encontrei e com a ajuda de todos, reencontrei minha família, filha, filho, netos. Hoje, eu ajudo meus filhos. Antes, eu tirava deles”, conta Márcia. Ela diz que hoje aprendeu a se respeitar para poder amar o próximo, e o que perdeu em 22 anos, ganhou em cinco meses. E no abrigo realizou o grande sonho: casar. E disse que é grata por Marcelo, o marido está trabalhando como monitor na Casa de Acolhimento, pois no Natal de 2020 comprou para ela, pela primeira vez, um presente.
“Chorei ao receber a blusa dentro da loja. Antes era expulsa das lojas, hoje sou chamada de senhora pelas vendedoras”, finalizou Menezes.
Fonte: Governo do Piauí