Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

Dois milhões de palestinos são reféns do Hamás em Gaza

O grupo terrorista usa os civis do território como escudos humanos

Covardes que atacam, matam e depois se escondem entre mulheres, crianças e idosos. Essa é a tática de guerra do grupo palestino Hamás, que se declara islâmico, ou seja, seguidor dos princípios da religião fundada pelo Profeta Maomé, há cerca de 1.300 anos, na Península Arábica.

Eles são covardes nos ataques e mentirosos na ideologia, já que o Islã não aprova o massacre de inocentes, como vimos nos recentes ataques terroristas ao festival Nova, de música eletrônica, e às comunidades agrícolas em território israelense, bem perto da Faixa de Gaza.

Foto: The Times of IsraelCivis mortos em ataque palestino
Civis mortos em ataque palestino

O objetivo do ataque do Hamás foi um “sucesso” absoluto, do ponto de vista de qualquer grupo terrorista: 1.200 mortos, entre jovens no festival, idosos e bebês nas comunidades agrícolas invadidas. É o maior massacre de pessoas de religião judaica desde a derrota nazista na Segunda Guerra Mundial. Mas nem todos são judeus: entre as vítimas, há 11 beduinos (nômades muçulmanos) que trabalhavam nas colheitas, bem como trabalhadores asiáticos, a maioria budistas da Tailândia e do Nepal.

Além dos massacres, centenas de civis, muitos feridos, foram sequestrados para serem usados como escudos ou moeda de troca na possível libertação de prisioneiros palestinos.

Tanto horror num único dia jamais tinha sido visto nos 76 anos de existência de Israel; nem mesmo durante as inúmeras guerras contra os vizinhos árabes. Esse duro golpe, com cenas de selvageria do Hamás transmitidas para todo o país (e para o mundo), serviu para unir os israelenses em torno do discurso da extrema-direita de Israel, contrária às negociações de paz.

O primeiro-ministro Benjamin Nettanyahu, antes sustentado e pressionado por pequenos partidos religiosos judeus ultra-radicais, agora tem o apoio de todas as forças políticas para se vingar de uma vez por todas do Hamás. Enfraquecido por processos de corrupção e pela tentativa de reduzir o poder da Suprema Corte de Israel, ele parece agora ter carta branca para a vingança sangrenta em Gaza.

Calcula-se que o grupo radical palestino, que defende a destruição total de Israel (leia-se, novo holocausto dos judeus), tenha 25 mil militantes entrincheirados em túneis subterrâneos por baixo dos bairros residenciais de Gaza, território de 45 km quadrados que é uma fração da cidade do Rio de Janeiro, mais ou menos do aeroporto Santos Dumont, na região central, até a Barra da Tijuca, na Zona Sul da capital.

Para derrotar os terroristas, os soldados israelenses terão que passar por casas, escolas, prédios comerciais e residenciais e por 2 milhões de civis, reféns do extremismo do Hamás.

Mas Israel já fez algo parecido antes: nos anos 80, ao invadir o vizinho Líbano para expulsar os palestinos da OLP, Organização para a Libertação da Palestina, Israel cercou os campos de refugiados palestinos na capital libanesa, Beirute, bloqueando a entrada de qualquer ajuda, enquanto bombardeava as posições guerrilheiras.

E deu resultado: o então líder palestino Yasser Arafat negociou a retirada de seus guerrilheiros de Beirute por navio. Fugiram para a Tunísia, país árabe que aceitou receber as forças palestinas. Uma década e meia depois, Arafat assinou os acordos de paz com Israel.

Israel, na ocasião, se livrou de sofrer ataques palestinos na fronteira norte, mas por pouco tempo. O vácuo foi ocupado por outros guerrilheiros, dessa vez libaneses da fé muçulmana Xiita (odiada pela vertente Sunita, majoritária), que criaram o grupo Hesbollah (Partido de Deus, em árabe).

Enquanto a ação contra Israel ao Norte criou um novo e poderoso inimigo, o Hesbollah, ao sul, Israel enfraqueceu a OLP, organização laica de Yasser Arafat, financiando grupos religiosos palestinos na Faixa de Gaza. Esses grupos deram origem ao veneno que hoje mata em Israel, entre eles o Hamás e a irmã sanguinolenta, a Jihad Islâmica.

O Hamás matou e expulsou os palestinos laicos de Gaza em 2006, transformada, desde então, numa ditadura islâmica. O que restou da antes poderosa OLP de Yasser Arafat, é hoje uma organização débil que mal consegue governar a Cisjordânia, o outro território de maioria palestina que um dia formará, com Gaza, um estado palestino independente.

Ter seu próprio país é um sonho ainda distante para os palestinos. O presente e o futuro próximo são isso que vemos agora: violência, divisão política e ideológica entre a Autoridade Nacional Palestina (sucessora da OLP), na Cisjordânia, e o Hamás, em Gaza.

Por isso, a expulsão desse grupo radical em Gaza, poderá significar a ascensão daqueles palestinos não radicalizados que acham que está mais do que na hora de reconhecer e negociar a paz com o Estado de Israel.

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