Relato de quem fez da aquarela a sua vida; por Grazi Mantovaneli
Chiara Bozzetti: uma mulher dedicada, visionária e simplesVocê sabe onde surgiu a pintura em aquarela?
Você sabia que existe graduação em Pintura e que dentro dela existe a possibilidade de aprender essa técnica?
No Brasil, existem poucos ateliês especializados nessa arte. Nessa matéria, vou apresentar a vocês uma “expert” em aquarela.
Quando e onde surgiu a aquarela?
Os primeiros registros encontrados dessa arte datam do Século II, AC, no Egito antigo. Eram de obras muito semelhantes à aquarela. Ela era utilizada para pintar diversos materiais (papel, couro e tela). O “Livro dos Mortos”, no Egito, é um dos primeiros e mais conhecidos exemplares aquarelados. Os egípcios misturavam goma arábica (uma resina natural retirada das acácias) aos pigmentos e aplicavam em alguma superfície, dessa maneira, pelos códices papiros (placas de madeira ou marfim, em formato de livro), eles conseguiam repassar os conhecimentos adquiridos às futuras gerações e às civilizações próximas a eles.
Um pouco da vida da mulher que, com leveza e dedicação, sabe compartilhar seus aprendizados
Chiara é uma mulher admirável, gabaritada e humilde. Fui sua aluna, no Ateliê Chiaroscuro, por seis meses, quando passei uma temporada na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, continuo aprendendo com ela em seus cursos online. Suas aulas sempre nos motivam. Elas me capacitaram (e ainda o fazem) e deram força para criar o meu ateliê (@donacorujinhaatelie). Por isso, posso afirmar que ela tem o dom de ensinar. Ela compartilha o conhecimento que adquiriu, sem reservas, sem segredos, com muita competência e leveza. Dona de um currículo excelente, mantém a simplicidade de quem está em constante aprendizado.
Qual a sua formação?
Chiara Bozzetti é graduada em Pintura, pela Escola de Belas Artes, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008). Mestre em Artes Visuais com ênfase em História e Crítica da Arte, pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, da Escola de Belas Artes (2013). Também é Ilustradora Botânica (Museu Nacional/UFRJ). Há mais de 10 anos é Professora de Aquarela e Desenho em seu ateliê, o Chiaroscuro Ateliê de Pintura. (www.ateliechiaroscuro.com)
Chiara, como surgiu o gosto pela arte e quando decidiu seguir esse lindo caminho?
Foi algo natural para mim. Desde pequena sempre gostei de desenhar e pintar. Tive uma professora no pré-escolar (educação infantil, hoje) que me incentivava muito. Ela falou para os meus pais: “Ela passa o tempo todo desenhando. Quando tiver uma oportunidade, coloca a Chiara em uma aula de desenho, porque ela gosta disso.”
- Primeiro momento: Aos sete anos
Meus pais não se esqueceram do que a professora disse e me colocaram em um curso de desenho, aos 7 anos e eu nem estava alfabetizada ainda. Eles me puseram na Galeria Flutuante (uma barca flutuante, um projeto muito legal), na Ilha do Governador, onde moro: uma galeria de arte para amadores e profissionais, assim como é o Ateliê Chiaroscuro. Mas como não era um curso para criança, eu tive que fazer uma prova, um desenho de observação. Eu fiz o desenho e a dona do ateliê disse: “Ela desenha bem, pode fazer aula aqui.” Eu não entrei em um curso de criança. Era um mundo muito de adulto. Eu frequentei o curso durante 5 anos. Lá, eu passei por todas as técnicas de pintura: desenho, lápis de cor, aquarela e óleo. Só não fiz pastel lá. Era um ateliê livre, mas com um jeito tradicional de trabalhar. E eu acabei assimilando isso. Criou em mim o gosto pelo tema que eu trabalho até hoje. Chegou um momento em que eu esgotei todas as possibilidades. Saí do curso com 12 anos, mas continuei pintando em casa, para a família, para presentear. Não vendia.
- Segundo momento: aos 16 anos
Com 16 anos, eu estava muito estressada ao estudar para o vestibular para designer. Abriu uma Casa de Cultura na Ilha, perto da minha casa e pedi para voltar a pintar. Ali, foi um momento que eu usei a arte como uma válvula de escape. Sempre tive muita pressão para estudar, sempre estudei muito, mas existem algumas matérias (especialmente matemática) que eu não conseguia entender e aquilo estava me deixando muito estressada. Eu falei: preciso voltar a pintar. A pintura me chamou de volta. Eu disse: preciso fazer um curso de aquarela. Lá havia uma professora de aquarela, ela era formada em pintura. Eu sempre pintei aquarela, mas eu não dominava a técnica. Eu gostava tanto que eu falei: não posso desistir disso. Eu não vou desistir, até eu chegar ao momento em que eu quero chegar. Eu fiquei nesse curso dos 16 aos 19 anos.
Eu não passei no vestibular de Designer por minhas próprias dificuldades e pressões. Tirei ótimas notas, mas pela minha dificuldade em matemática, eu não passei para designer. No ano seguinte, mudei totalmente. Prestei vestibular para pintura, história da arte, museologia e arquitetura. Acredita que passei em todos?!? Fiquei com o dilema entre qual escolher. Minha primeira nota foi em pintura, justamente a formação da minha professora de aquarela. Falei com a minha mãe: esse curso eu vou fazer. Fiz Pintura. Também me matriculei em Arquitetura, mas não me encontrei no curso. Carregar duas faculdades ao mesmo tempo (UFF e UFRJ) estava pesado demais. Tranquei arquitetura, mas nunca mais voltei. Gosto de reformas, de interiores, mas não me interessei em que isso virasse uma profissão. Mas a partir do momento que eu decidi fazer pintura, sabendo que pintura é um campo extremamente difícil de trabalhar, eu falei: vou acreditar em mim! Fiz a escolha mais improvável. Eu sou muito feliz por ter feito essa escolha, trabalhar com pintura.
- Terceiro momento: a graduação em Pintura
A faculdade de pintura foi mudando ao logo dos anos. Mas nos anos que fiquei lá tentei aproveitar ao máximo. Eu gosto de dialogar com a técnica e acabo buscando os artistas do passado para poder conversar. Eu gosto da produção atual e admiro quem consegue pegar uma ideia e uma atualidade e conversar isso na sua obra (uma performance, um vídeo, uma instalação, um quadro... algo assim), mas eu não sei fazer esse diálogo. Meu diálogo é muito visual (para a imagem). Isso me agrada muito e eu tenho que olhar para o passado para que eu possa conversar com isso.
Gosto do papel, gosto da transparência da aquarela. Gosto do suporte papel e do que vem por cima dele. Por mais que eu pinte várias técnicas, eu gosto das técnicas sobre papel. Eu estou em um momento em que optei por explorar tudo o que a aquarela pode me dar: tanto nas minhas produções quanto nas aulas, nessa questão que é da própria sobrevivência em arte.
Chiara, você estudou aquarela na graduação em pintura?
Sim. Aquarela é uma disciplina optativa. Não é obrigatória. Mas eu fiz aula três vezes (risos). Me inscrevi uma vez e nas outras fiquei como ouvinte.
Quais artistas te inspiram?
Minhas referências ficam, basicamente, no século XIX, porque os artistas estão falando de cor, das linhas, dos elementos da pintura. Mas também eu gosto de ver alguns artistas nossos, do início até a metade do século XX.
Tenho muita estima pela Faiga Ostrower (Polonesa, naturalizada no Brasil: gravadora, pintora, ilustradora, desenhista, aquarelista), porque ela tem livros e fala de uma maneira fácil. No inicio da faculdade, não era fácil entender o que ela estava dizendo, mas hoje eu entendo e tento passar isso nas minhas criações. A Faiga tem várias aquarelas (algumas delas me encantam muito), mas ela é mais conhecida pelas suas gravuras e livros.
Quando eu falo do século XIX, dos artistas que me inspiram, não tem como deixar de falar dos Impressionistas, não exatamente pelas pinturas, mas pela técnica a óleo. A técnica do óleo eu conheço, sei, já pintei, mas não me encanta tanto quanto a aquarela, por conta da transparência. Mas o que eu tiro deles são as cores, as pinceladas, as manchas. Eu faço essa conexão com as ideias para a aquarela. Funciona demais para mim. Eu aprecio muito esse trabalho que está no meio do caminho: nem tão figurativo nem tão abstrato. É essa sensação desse meio do caminho que me agrada.
Gosto muito do William Turner (Inglês: pintor, gravurista e aquarelista) por conta das suas aquarelas.
Gosto dos Artistas Cientistas que trabalharam com as expedições, com as vegetações, por isso, fui estudar ilustração científica, ilustração botânica. Ver a natureza através da ciência e como a arte pode trabalhar isso. Então, eu também fico nesse momento do século XIX, porque foi muita produção desse tipo de trabalho.
Minhas referências vão me jogando para o passado. É um passado que eu quero entender e absorver para eu fazer o meu presente. Não quero copiá-los. Olho como uma inspiração para mim; aprendo com eles e coloco isso no meu presente e para o meu futuro.
Sei que é uma excelente professora. Posso dizer que sua didática é maravilhosa, um dom lindo que você tem. Sem as aulas presenciais, nesse momento de pandemia, quais foram os desafios que enfrentou?
Logo que fechamos o ateliê (por conta da pandemia), foi um mês muito desesperador. Eu não sabia o que iria acontecer. O ateliê estava com duas salas, tínhamos muitos alunos presenciais, eu tinha colegas que trabalhavam comigo e tinham suas turmas aqui. Conversei com eles e disse que não tinha condições de continuar pagando um aluguel a mais. Foi uma sensação estranha, porque foi no ano em que o ateliê completou 10 anos. Foi como se estivesse fechando um ciclo. Fechei um momento e tinha que começar outro.
Comecei dando aulas pelo Zoom. Fui gravando aulas, porque eu fiquei em casa cuidando da minha filha pequena e ela sem escola. Eu não tinha opção de ter muitas turmas pelo Zoom ou de continuar com o mesmo ritmo. Ela, Giulia, estava com 3 anos, totalmente dependente da minha atenção e não tínhamos nem avó, nem avô (naquele momento) para nos ajudar. Éramos eu, meu marido e ela. Isso mexeu muito comigo e eu tive que diminuir tudo que eu fazia.
Foi aí que a gente bolou os cursos online e funcionou. A gente ainda está tentando se entender nesse mundo digital, que não é um mundo fácil, tem muitas exigências e é muito desgastante, mas funciona e acredito que o digital veio para ficar.
Falamos do presencial, mas o presencial funciona para quem está perto da gente. Quem não está perto, não tem essa chance. Muita gente falou: que bom que você fez aulas online, porque agora eu tenho a chance de fazer uma aula com você. Ou para as pessoas com alguma deficiência. Aqui no ateliê a gente sempre teve problema de espaço. É uma sala antiga e eu não tenho como fazer um banheiro adequado, adaptar a sala para receber uma cadeira de rodas.
Agora, com as aulas online, as pessoas que têm menos possibilidades de sair de suas casas, começaram a trabalhar com a arte e eu achei que isso foi um ganho muito grande.
É tudo novo. Depois de 10 anos, estou aprendendo de novo. Aí a gente acerta, a gente erra, tentando fazer o melhor. É um aprendizado constante, mas quando estou dando aulas, fazendo as lives eu “super gosto” desse momento, de conversar e era algo que eu sentia falta de fazer.
Conta para nós como foi receber o convite e fazer um tutorial de pintura em aquarela para a Hahnemühle (uma fábrica alemã de papéis fine art, entre eles, papéis para aquarela) para o lançamento de uma linha prime de papéis?
Foi muito bom! Eu tenho uma relação muito boa com a marca. Eles apoiam o ateliê há bastante tempo. Esse convite surgiu e eu fiquei muito honrada. No mês de outubro, foram selecionados 5 artistas do mundo inteiro e eu fui uma das selecionadas pela marca e fiz o tutorial de aquarela.
Eu fiz algo com a minha identidade, mas que fosse possível, que qualquer pessoa que olhasse, entendesse e tentasse fazer da sua maneira.
Em quais projetos está trabalhando no momento e qual é a sua visão para o futuro?
É exatamente isso, que eu dizia: entender melhor como a linguagem dos cursos online funciona e como o ateliê vai funcionar, paralelamente, praticar mais a minha própria pesquisa pictórica (em pintura). O fato de ter um trabalho online me dá mais tempo de pintar para mim também. Uma coisa que eu sentia muita falta, nesses 10 anos presenciais era de ter esse tempo para mim, para eu pintar. Quando tudo parou, o tempo apareceu. E eu falei: eu gostei disso e quero isso para mim. Isso tem que acontecer na minha vida.
Pessoalmente, posso dizer que a arte funciona como uma válvula de escape, auxiliando no bem-estar e no equilíbrio emocional, tanto daqueles que a “consomem” quanto dos que a produzem. O que você pensa sobre isso? Como a arte/aquarela pode ajudar?
Eu “super” acredito nisso. Eu estava assistindo uma palestra sobre Saúde Mental e ela não falava exatamente de arte, mas tinham uns conceitos muito interessantes. E das conversar que eu tive com a Marina, minha amiga psicóloga, as conclusões que eu chego são as seguintes: a gente precisa, muitas vezes, de uma ajuda da psicologia, uma terapia específica. Existem pessoas que precisam das medicações psiquiátricas para voltar ao eixo, para ver com mais lucidez, com mais claridade aquilo que se está passando. Mas as manifestações artísticas quando se está trabalhando dentro de um projeto de criação, você está tão em contato com você, está tão dentro do processo de trabalho que você conversa com você mesma. A arte funciona de maneira terapêutica. A gente fala que a arte salva, a arte cura, realmente, eu acredito nisso. Eu acho que, se você tirar um tempo e se dedicar a esse propósito, é muito saudável. Mas também gosto de falar que a arte não é a medicina psiquiátrica. Não vai ser ela sozinha. Se alguém precisa disso, tem uma patologia e precisa ser tratada, somente a pintura não vai dar jeito. A pintura vem como uma aliada. Quando a gente tem essa consciência e trabalha com as duas coisas juntas, aí sim, eu acho que funciona.
Quando a gente passa a estudar de forma terapêutica é muito mais eficiente. Porque eu vou começar a trazer para a minha vida, situações que eu aprendi na aquarela.
Diga uma curiosidade sobre você?
Ai, Grazi! Não sei dizer. Essas coisas são difíceis. Vou pensar aqui! Eu me acho tão normal. (risos). Eu me lembro de quando frequentava a escola de arte. Eu sempre estive ali, porque gosto do tema, gosto do estudo, mas essa sensação de “não pertencimento” acontecia comigo. Porque eu sou muito comum. A gente vê tanta gente excêntrica e autêntica lá. Eu me acho muito comum. Não sei, vou pensar...
Qual seu artista/pintura favorita? Por quê?
Hum... tem algumas coisas que roubei de outros artistas. Eu li um livro, há muito tempo que se chama “Moça com o brinco de pérola”. Eu li o livro, antes de ver o filme. No final do livro, a escritora disse que um dos ideais da vida dela era ver o máximo de originais de Vermeer (Pintor holandês famoso e importante do século XVII) que lhe fosse possível. Ele é um artista barroco, mas que me influencia muito. Eu realmente gosto do trabalho dele e roubei dela (a romancista) esse ideal de vida, que achei o máximo. Sempre gostei disso, de frequentar exposições, de ver as obras, de estar em contato com a arte, pintando ou vendo. Isso sempre foi muito importante para minha vida. Eu tenho isso como projeto de vida: ver o máximo de obras de arte ao longo da minha vida.
Eu fui até Haia (Holanda) para ver a Moça com o Brinco de Pérola (Vermeer), me dei esse presente de vida. Fui a Londres para ver o Tunner. Fui até a Argentina para ver uma exposição do Tunner, uma exposição enorme de suas aquarelas.
Falando de artistas nacionais, gosto muito do Elizeu Visconti, ele tem essa pegada impressionista. Gosto muito da Georgina de Albuquerque (que está no curso de Grandes Pintores do Impressionismo). Quando eu fiz um curso de História da Arte, no Museu Nacional de Belas Artes daqui e eu chegava mais cedo para dar “oi” para os quadros.
Quando eu fui à Casa de Monet (Giverny, França) eu me preparei como se fosse visitar a sua persona (o próprio Monet). Eu comprei um vestido novo, me arrumei toda. Foi na viagem para França, que fiz com os alunos do ateliê. Eu tive essa necessidade, como se eu fosse me apresentar a ele. Eu fiquei tão emocionada de estar lá que não consegui dar nem uma pincelada, não consegui pintar lá. Eu estava em um dia de pura emoção. Depois que voltei de lá, pintei algumas coisas. Eu sinto uma emoção quando vejo os trabalhos. Isso me move. É uma coisa muito importante para mim.
Para uma pessoa que nunca pintou (mesmo já adulto), existe possibilidade de aprender essa arte? O que você diria para alguém que tem vontade, mas nunca tentou?
CORAGEM! (Risos). Eu digo que tem que ter coragem. Mas é o seguinte, a gente tem um preconceito com a pintura, como se tivesse que aprender desde criança. Mas quando conto a minha história (e eu comecei a aprender quando criança), podem pensar: Ah, mas ela faz isso desde pequena. E não é. Eu tive a oportunidade de fazer isso desde pequena, mas muitas pessoas não têm. E a gente acha que para ser bom em alguma coisa, tem que começar bem cedo. Eu acho que a gente tem que começar. Cedo ou não, vai depender da disponibilidade de cada pessoa. O importante é começar e projetar: onde quero chegar? Todo iniciante (seja adulto ou criança) faz um trabalho que todo iniciante faz; À medida que vai aprendendo, vai agregando mais ferramentas e sua pintura vai ficando melhor. Cada pessoa tem um tipo de compreensão, mas quando compreende que o processo de estudo é esse, fica mais fácil para ela se permitir estudar. A pintura tem uma necessidade e um processo de estudo. Eu vou aprender hoje, mas não significa que amanhã já serei uma artista completa. Eu preciso de um tempo. O adulto acha que não tem tempo. Essa é a questão, a pior de todas: ele não se dá o tempo da dedicação.
Qualquer pessoa é capaz de aprender, mas ela tem que dizer assim: o que quero ser? (Um artista profissional ou pintar por hobby?) Quero começar hoje, mas quero realmente ser um artista profissional. Então, preciso realmente me dedicar a isso! Ter coragem é dar tempo para o aprendizado e também ter essa consciência de que existe um processo e ele leva tempo e estudo. Aprender leva tempo.
Qual a mensagem você gostaria de deixar para os amantes de arte, para os seus alunos e futuros alunos?
A arte é uma coisa fundamental e ela deveria nos acompanhar desde o momento em que nascemos.
Quando veio a pandemia, muitas pessoas tiveram a consciência de que estar em contato com a arte (seja ela qual for) e que instância for (história da arte, bons filmes do cinema, dançar, cantar, tocar um instrumento). Estamos em contato com o nosso lado criativo, com nosso lado lúdico e que nos tira da mecânica do dia a dia. Isso é muito importante!
Uma coisa que eu faço com a Giulia (minha filha) e vamos dizer que ela é minha artista iniciante: deixo-a livre com os materiais e não a pressiono em nada. Tem dia que ela fala: hoje, quero pintar. Então, vamos pintar, filha; o que você quiser. Eu não pego na mão dela e nem falo assim: você fez um círculo errado ou árvore não é assim. Ela vai vendo o que eu faço, vai me copiar, vai fazer as dela e interagir com o material. Ela vai ganhando força e experiência. Isso é importante: pensar nas experiências que a gente tem.
Ganhar memórias, ganhar experiências, é a primeira coisa que quem é aluno ou aprendiz deve fazer. Antes de pensar que vai fazer o melhor trabalho, porque pensar assim, em algum momento, cria uma ansiedade tão grande, que se perde a oportunidade da experiência. Em arte, pintura, escultura ou qualquer outra manifestação, quando a gente percebe que o processo é tão importante quanto o resultado final, vira a chave e compreende o que a maioria dos artistas e dos professores vai falar. Então, se libertar dessa necessidade de provar ao mundo que você é bom naquilo que você faz e buscar se dedicar ao seu processo e de como você faz. Aí, você vai se encontrar e perceber quais são as suas necessidades e suas falhas estarão aí também.
Quando não se presta atenção no processo e deseja logo chegar ao final, ao terminar, percebe que fez o que não queria. Aí, a gente fala assim: pintei errado! Não pintou errado, falhou no processo. O resultado final só é possível através de um processo consciente. Se eu não tiver esse processo bem feito, eu não alcanço o resultado final. Não é o resultado final que forma o meu processo, é o processo que forma meu resultado final!
Por fim, prestar atenção em você, no seu processo, consumir bastante arte, porque ficamos criativos vendo também o trabalho do outro. Valorizar o trabalho do outro, porque assim, valorizamos o nosso também. Repassar essas informações, como você está fazendo, Grazi, em uma entrevista, que está dentro do seu processo, das suas descobertas. Quis falar comigo, está publicando e mais gente vai ler. Essa divulgação também é importante para que parte dessa educação aconteça.
Obrigada por essa chance de me deixar continuar a educar mais e mais vezes, assim pela palavra, pela pintura. Obrigada!
Ah! Uma última informação! A Chiara se esqueceu de contar, mas eu não. Em outubro, ela foi fazer um Curso de Desenho e Aquarela Botânica, no Royal Botanic Gardens Kew, no Reino Unido. O Royal Botanic Gardens Kew é um Jardim Botânico e também uma instituição de pesquisa. É um dos Jardins mais antigos do mundo e um dos maiores em diversidade de espécies. Lá existem muitos cursos em diversos formatos, em todas as áreas relacionadas à Botânica. Que orgulho dessa mulher!
Chiara, obrigada pela confiança e pela oportunidade de compartilhar conosco sua história, seus projetos, seus sonhos. Desejo que cada um deles se realize e que você brilhe cada dia mais!
Que história de vida linda, não é?
Gostou?
Para saber mais sobre o Ateliê Chiaroscuro e sobre os cursos, vou deixar o link aqui: www.ateliechiaroscuro.com
Um grande abraço e até a próxima!
REFERÊNCIAS:
https://www.ateliechiaroscuro.com/
https://www.instagram.com/ateliechiaroscuro/
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