Nós humanos que povoamos a Terra, qualquer que seja o local, aqui ou alhures, próximos ou distantes, temos a nossa própria cultura e costumes, fruto das inter-relações pessoais que nos fazem diferentes um do outro.
O homem, segundo dizem alguns, seria o produto do meio, outros contestam em asseverar que o meio por si só não modificaria a personalidade de quem nele está inserido. Ficam aí as duas teses com os seus defensores ou contestadores, de acordo com a lógica de cada qual.
Nosso tema hoje aqui no JTNEWS (3/04) aborda a autenticidade, uma das inúmeras qualidades que o homem pode somar no decorrer da sua existência. O que se entende por um homem ou mulher autênticos? É o modo de se expor, agir, que não se atém a preconceitos ou julgamentos que interceptam ou diminuem muitos tipos de pessoas.
Diz-se pois que a pessoa é autêntica quando revela boas vibrações e autoestima, quando toca em nossas vidas. A psicologia ensina que o autêntico é o que, sem medo ou vergonha, assume o que realmente ele encarna dentro do espectro social onde vive.
Mas, segundo a psicologia, nem sempre se traduz assim de uma forma tão positiva, pois que, quando ultrapassa os limites da tolerância, pode chegar ao cume da própria arrogância. A pessoa autêntica é muito determinada, manifesta de pronto suas opiniões iguais ou contrárias, não foge das críticas, as pessoas autênticas são movidas pelos seus valores e concretizam aquilo que desejam. Elas se conhecem bem, tanto nas suas fragilidades ou vulnerabilidades; sabendo administrar suas posições com total eficiência.
As pessoas autênticas não são narcisistas mas cuidam muito de si, são orientadas ao culto da beleza, da alimentação balanceada, cuidando com afinco de seus relacionamentos.
Em Política e Privacidade, colhemos esse trecho que diz o seguinte: "as pessoas em geral estão acostumadas com máscaras e em conformidade a padrões estabelecidos e, quando se deparam com alguém que foge desses padrões e comportamentos, elas sentem-se incomodadas, extraindo a raiva, inveja ou desprezo". Daí o exagero da autenticidade se tornar mórbida devendo procurar o psicólogo para mudança de conceitos que ultrapassam o limite da normalidade.
Tudo na nossa vida deve ter os freios e contrapesos para que possamos viver socialmente sem os atritos que possam surgir na nossa convivência social, ou até mesmo familiar.
Temos que regrar nossas atitudes, porque não vivemos a sós, interagimos com pessoas diferentes, então cada um se limita ao seu modo, para uma boa relação interpessoal ou social.
Então, se você se julga uma personalidade autêntica, sopese sua autenticidade para que ela não se transforme num divisor de seus relacionamentos.
Vê-se muito nas nossas interações sociais alguém dizer "sou autêntico", mas essa qualidade pode esmaecer a sua cor, desde quando o exagero de sua autenticidade possa lhe causar prejuízos. Como dissemos, tudo na nossa vida deve ser "dosado" para não criarmos dissensões onde atuamos nos nossos relacionamentos em termos gerais.
Brandão de Carvalho é escritor da Academia de Letras Jurídicas do Piauí e desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.
Fonte: JTNEWS