Anvisa estuda permitir realização de exames laboratoriais em farmácias
Enquanto representantes das farmácias celebram iniciativa, laboratórios estão preocupados com questões de capacitação, segurança e confiabilidade dos resultadosA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa a possibilidade de autorizar farmácias a oferecer exames laboratoriais. A medida, que está aberta para consulta pública, divide opiniões nos setores implicados. Enquanto representantes das farmácias celebram iniciativa, laboratórios estão preocupados com questões de capacitação, segurança e confiabilidade dos resultados.
“Fazer testes rápidos pode ser um avanço, ampliar o acesso. Mas testes de interpretação complexa devem ser bem pensados e regulamentados, para proteção dos pacientes”, afirma o sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da USP e ex-diretor da Anvisa, ao jornal O Globo.
O que a agência propõe é a atualização de uma resolução de 2005 que regula o funcionamento de laboratórios e estabelece que apenas eles estão autorizados a fazer análises clínicas. A atualização é reivindicação do setor. A inclusão das farmácias, entretanto, não é vista com bons olhos.
“Seria 1 desastre caso abrisse caminho para se colocar um consultório dentro da farmácia. É assim nos Estados Unidos, que é um não modelo. Lugar que vende remédio não pode prescrever remédio”, diz Vecina Neto.
Atualmente as farmácias já podem realizar exames rápidos de COVID-19 e glicemia. Sérgio Mena Barreto, CEO da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) vê a iniciativa como algo positivo. Segundo ele, o setor se prepara há anos para isso.
“A maioria dos brasileiros não faz check-up. Essa é uma novidade que pode ampliar o acesso e mudar a cara da saúde brasileira”, afirma. “Imagine poder chegar em um lugar e com duas gotinhas de sangue medir glicemia, hemoglobina glicada, colesterol, PSA, HIV, sífilis”.
Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), diz que a instituição não é contra a realização de testes rápidos nas farmácias. Alerta, porém, para a complexidade do assunto.
“Há exames rápidos que funcionam bem, e outros que dão resultados equivocados. Essa é a lógica de ter a gerência de um laboratório, que conta com profissionais que estudaram para fazer calibração, validação, controle de qualidade. Não é o que está sendo proposto agora”, afirma.
A Anvisa explica que está ouvindo todos os setores envolvidos até 23 de outubro. Com o fim da consulta pública, as considerações enviadas serão analisadas e submetidas para deliberação e decisão da Diretoria Colegiada do órgão.
Fonte: Poder360
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