Ato contra governo "autoproclamado de Jeanine Áñez" da Bolívia deixa 5 mortos por policiais

Do México onde se encontra exilado, Evo Morales lamenta e diz ser um massacre, e já fala em genocídio; Comissão de Interamericana de Direitos Humanos condenou a atuação da Polícia

Cinco cocaleiros apoiadores de Evo Morales morreram nesta sexta-feira (15) em confrontos violentos com a polícia e militares nos arredores de Cochabamba, reduto do ex-presidente da Bolívia. Ao menos 20 ficaram feridos, informa a Folha de S.Paulo de hoje (16), cuja matéria o JTNews traz nesta edição.

Foto: AFPPoliciais impõem massacre a índios cocaleiros bolivianos apoiadores de Evo Morales; 05 deles foram mortos em ação exacerbada da Polícia
Policiais impõem massacre a índios cocaleiros bolivianos apoiadores de Evo Morales; 05 deles foram mortos em ação exacerbada da Polícia na Bolívia nessa sexta-feira (15)

Desde o México, onde está exilado, Evo comentou as mortes. "Realmente é um massacre, porque já é um genocídio. Lamento muito tantos mortos", disse o ex-presidente à rede CNN.

Milhares de opositores da autoproclamada presidente Jeanine Áñez entraram em conflito com as forças policiais na ponte Huayllani, que foi bloqueada por agentes, quando tentavam chegar à cidade de Cochabamba, a 18 km de distância.

Foto: Edgard Garrido/ReutersEvo Morales chega ao México onde recebeu asilo humanitário conjuntamente com se vice-presidente
Do México Evo Morales condena massacre a seus seguidores bolivianos, 05 deles mortos em ação truculenta da Polícia

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou em um comunicado o "uso desproporcional da força policial e militar". O órgão publicou nas redes sociais um vídeo dos corpos enfileirados no chão e afirmou, ainda, que "as armas de fogo devem estar excluídas dos dispositivos utilizados pelo controle dos protestos sociais".

Segundo o comandante da Polícia de Cochabamba, coronel Jaime Zurita, os manifestantes portavam armas, escopetas, coquetéis molotov, bazucas caseiras e artefatos explosivos —mais de cem pessoas foram detidas, afirmou.  

"Estão usando dinamite e armamento letal como (fuzis) Mauser 765. Nem as Forças Armadas, nem a polícia têm esse calibre, por isso estou alarmado", disse.

A tropa de choque, apoiada por militares e um helicóptero, dispersou os manifestantes à noite. Os conflitos que estouraram um dia depois do anúncio da suposta vitória de Evo nas eleições de 20 de outubro, marcadas por fraudes, deixaram até o momento dez mortos, mais de 400 feridos e 500 detidos, segundo a contagem oficial.

Os primeiros protestos foram protagonizados por opositores de Morales, mas agora são os partidários do ex-presidente que se manifestam contra Áñez. 

O conflito em Cochabamba estourou no mesmo dia em que Áñez afirmou que, caso Evo retorne à Bolívia, terá de enfrentar a Justiça por supostas irregularidades nas eleições de outubro e por denúncias de corrupção. Evo nega as acusações e afirma que nunca pediu ajuda a nenhum órgão eleitoral.

Fonte: Folha de S.Paulo

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