PF deflagra operação e cumpre mandados na Câmara Municipal de Teresina

Alvos foram assessores ligados à vereadora Tatiana Medeiros (PSB), que já é alvo da Polícia Federal.

A Polícia Federal no Piauí cumpriu, na manhã desta segunda-feira (14), três mandados judiciais em Teresina como parte da investigação que apura a atuação de facções criminosas nas eleições municipais de 2024. Os alvos foram assessores ligados à vereadora Tatiana Medeiros (PSB), que já está presa por suspeita de ter sua campanha financiada pela facção Bonde dos 40. As ordens judiciais foram cumpridas na presidência da Câmara.

Foto: Ascom Câmara MunicipalCâmara dos Vereadores.
Câmara dos Vereadores.

Segundo a Polícia Federal, a ação integra a terceira fase da Operação Escudo Eleitoral, que investiga o uso de recursos ilícitos no processo eleitoral. Os investigados ocupavam os cargos de Assessor Especial da Presidência e de assessores parlamentares, todos indicados pela vereadora. As medidas visam impedir a continuidade de possíveis práticas ilícitas no ambiente legislativo.

Os mandados incluem medidas de afastamento dos cargos e a proibição de acesso às dependências da Câmara Municipal de Teresina, além da restrição de contato com outros servidores do órgão.

Prisão da vereadora Tatiana Medeiros
A vereadora de Teresina, Tatiana Medeiros (PSB) foi presa no dia 3 de abril, no âmbito da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral deflagrada pela Polícia Federal no Piauí. Conforme a PF, a ação policial contra a vereadora tem como fundamento a suspeita de que a parlamentar seja ligada à facção criminosa Bonde dos 40.

A Polícia Federal esteve em dois endereços ligados a Tatiana em Teresina: sua residência, na zona norte e um apartamento, na zona leste, onde ela foi presa.

A operação também resultou no cumprimento de oito mandados judiciais, incluindo mais um de prisão preventiva, além da vereadora, três de busca e apreensão, outros afastamentos de cargos públicos foram determinados para investigados na Câmara Municipal de Teresina, na Assembleia Legislativa e na Secretaria de Estado de Saúde do Piauí.

A investigação teve início após a divulgação dos resultados das eleições municipais de 2024, quando foram identificados elementos que indicavam o envolvimento da vereadora eleita com um membro do Bonde dos 40, no caso, o seu namorado, Alandilson Cardoso Passos. De acordo com a PF, há suspeitas de que a organização criminosa tenha fornecido suporte financeiro para a candidatura de Tatiana Medeiros, além da utilização de recursos desviados de uma ONG para custear a campanha.

Além das prisões e buscas, a Justiça determinou a suspensão das atividades da instituição não governamental envolvida no esquema, proibindo-a de receber novos repasses de recursos. Os investigados afastados de suas funções também estão impedidos de frequentar os locais de trabalho e de manter contato com outros servidores públicos.

Alvo de inquérito da Polícia Federal
Em 25 de novembro de 2024, o delegado Daniel Araújo, da Polícia Federal, instaurou inquérito para investigar o envolvimento de Tatiana Medeiros (PSB) com o membro do Bonde dos 40, Alandilson Cardoso Passos, namorado da parlamentar.

Foto: Divulgação/Polícia CivilAlandilson Cardoso
Alandilson Cardoso

A investigação apura ainda o crime de lavagem de dinheiro durante a campanha eleitoral. A suspeita é de que a advogada tenha utilizado o Instituto Vamos Juntos para lavar recursos provenientes da organização criminosa e depois utilizá-los no pleito municipal de 2024.

Eleição de Tatiana Medeiros
Tatiana Medeiros foi eleita vereadora de Teresina, no dia 06 de outubro de 2024, com 2.925 votos, por quociente partidário, no Partido Socialista Brasileiro (PSB). No registro de sua candidatura, a parlamentar declarou que hão havia nenhum bem material em seu nome.

Namorado da vereadora também é investigado
O outro alvo da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada pela Polícia Federal, foi Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora Tatiana Medeiros (PSB). O mandado de prisão contra ele foi cumprido também dia 3 de abril, dentro da penitenciária em Minas Gerais, onde já está encarcerado desde novembro de 2024, após ser alvo da Operação DENARC 64.

Segundo a PF, há suspeitas de que a campanha de Tatiana Medeiros tenha sido financiada com recursos ilícitos oriundos do crime organizado, além do desvio de verbas públicas de uma organização não governamental. O nome de Alandilson Cardoso Passos surgiu como um dos principais articuladores financeiros do grupo criminoso.

Alvo da Operação DENARC 64 em novembro de 2024
Antes de ser alvo da Operação Escudo Eleitoral, Alandilson foi preso em novembro de 2024 durante a Operação DENARC 64, que resultou na prisão de 14 pessoas envolvidas em um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro para a facção Bonde dos 40. De acordo com a Polícia Civil do Piauí, ele era responsável por movimentações financeiras ilícitas e pela utilização de empresas de fachada para encobrir a origem dos valores obtidos com o tráfico de drogas.

As investigações apontam que Alandilson utilizava a empresa Val Carnes/Val Veículos para dissimular os recursos provenientes de atividades criminosas. Ele também foi identificado como destinatário de grandes quantias desviadas dessa conta, o que reforça sua participação na lavagem de dinheiro da facção.

Além disso, ele figura como proprietário da AC Passos LTDA (I K Retocques), supostamente especializada em funilaria e pintura de veículos, mas que, na prática, não opera no setor, já que o local onde deveria funcionar a empresa abriga uma academia.

Vida de luxo
A Polícia Civil também identificou que Alandilson mantinha um padrão de vida incompatível com sua renda declarada. Sem vínculo formal de emprego, ele possuía um haras onde criava cavalos de alto valor para competições de vaquejada. O modo de vida luxuoso e os bens adquiridos sem comprovação de renda são apontados como evidências da utilização de recursos ilícitos para financiar suas atividades.

"Há fortes indícios que Alandilson Cardoso Passos esteja envolvido com ocultação e dissimulação de dinheiro advindo do tráfico de drogas e outros crimes precipuamente praticados pela facção Bonde dos 40. Alandilson não possui vínculo empregatício formal, no entanto, desfruta de um estilo de vida luxuoso, residindo em condomínios de alto padrão e ostentando veículos de alto valor. Além disso, Alandilson mantém um haras com cavalos caros para participação em vaquejadas", informava inquérito.

Fonte: JTNEWS com informações do GP1

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