Por causa de pandemia, Latam deve demitir 2,7 mil pessoas pela internet nos próximos dias

A Latam está em uma situação fragilizada e luta para seguir em operação; a empresa iniciou então a adesão a um processo de demissão voluntária, que terminou ontem (4)

Com as operações prejudicadas pela crise do novo Coronavírus, a Latam vai demitir 2,7 mil pilotos, copilotos e comandantes nos próximos dias. A COVID-19 dificultou até os processos de desligamento, que serão feitos de forma online pela aérea, afirmou o diretor de recursos humanos da Latam Brasil, Jefferson Cestari, em entrevista ao Estadão/Broadcast. “Todo o processo vai ser feito remotamente por causa das limitações”, disse. 

Foto: Felipe Rau/EstadãoLatam sofre com queda de 85% da demanda no País
Latam sofre com queda de 85% da demanda no País

A empresa está em uma situação fragilizada e luta para seguir em operação. No início de julho, a Latam Brasil passou a fazer parte do processo de recuperação judicial do Grupo Latam nos Estados Unidos.

A empresa travou disputa com os aeronautas para tentar reduzir de forma permanente a remuneração da categoria, enquanto Gol e Azul cortaram de forma temporária. A Latam alega que paga uma remuneração maior do que seus concorrentes no Brasil e que o pleito, anterior à pandemia, ganhou prioridade agora. Os profissionais, entretanto, não aceitaram. A última rodada de conversas foi encerrada no dia 31. Depois disso, a Latam confirmou que vai demitir no mínimo 2,7 mil, ou 38% da equipe, de 7 mil pessoas. 

A empresa iniciou então a adesão a um processo de demissão voluntária, que terminou ontem (4). Os desligamentos ocorrerão entre sexta-feira e o dia 14.

Antes, a Latam já havia concluído a negociação com cerca de 10 sindicatos que representam os aeroviários (profissionais em solo). Com o ajuste, a empresa saiu de 15 mil funcionários na categoria para algo perto de 12,5 mil. As rivais também fizeram cortes semelhantes. 

Depois de concluir os cortes, a Latam Brasil conseguiu organizar uma economia na sua folha de pagamentos na ordem de 30%, afirmou Cestari. “Essa redução de pessoas já leva em consideração toda a retomada que a gente tem pela frente. A operação não vai ser impactada pela saída”, disse o executivo. 

A aérea foi a mais prejudicada entre as companhias no Brasil, sobretudo por causa da maior exposição ao mercado internacional. A Latam, que chegou a ter 750 voos por dia no Brasil, chegou a apenas 30 decolagens diárias no ápice da crise, em abril. 

A turbulência não veio apenas para ela. Em junho, a demanda por voos no mercado doméstico (medida em passageiros quilômetros pagos, RPK) teve queda de 85% na comparação com junho de 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Do outro lado, a ajuda do governo via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda é uma incógnita Para a Latam, a dúvida é maior ainda, uma vez que sua permanência no pacote é incerta após o braço brasileiro ter entrado na recuperação judicial.

A Latam Brasil pretende aumentar as operações no mercado nacional para 244 voos por dia em setembro, ainda bem abaixo dos 750 voos diários operados em 2019, mas acima dos 110 vistos em julho. 

Fonte: Estadão Conteúdo

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