Suspeito de terrorismo preso pela Polícia Civil do DF, diz que fala de Bolsonaro o incentivou a ter armas

O número de armas de fogo nas mãos de CACs chegou a 1 milhão em julho deste ano. O aumento foi de 187% em relação a 2018

George Washington de Oliveira Sousa, que foi preso sob a acusação de tentar explodir um caminhão de combustível em via próxima ao aeroporto de Brasília neste sábado (24), afirmou à Polícia Civil de Brasília que as "palavras" de Jair Bolsonaro (PL) o encorajaram a adquirir o arsenal de armas apreendido em seu poder.

Foto: Polícia Civil/DFO suspeito George Washington Oliveira Sousa foi preso sob acusação de tentar explodir um caminhão de combustível em Brasília no sábado (24)
O suspeito George Washington Oliveira Sousa foi preso sob acusação de tentar explodir um caminhão de combustível em Brasília no sábado (24)

Na versão dada por ele aos policiais, à qual a Folha teve acesso, Sousa fez referência ao discurso armamentista do presidente da República —marca de Bolsonaro durante seu mandato e da campanha que em 2018 o levou ao Palácio do Planalto.

"O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo o seguinte: 'Um povo armado jamais será escravizado'", disse o investigado, que afirmou ser um "apaixonado" por armas desde a juventude.

Foto: Jacinto Teles/JTNEWSParte das armas apreendidas pela PCDF em poder do empresário suspeito de terrorismo em Brasília, em razão da Eleição de Lula
Parte das armas apreendidas pela PCDF em poder do empresário suspeito de terrorismo em Brasília, em razão da Eleição de Lula

Sousa afirmou que trabalha como gerente de um posto de gasolina no interior do Pará e que, desde outubro de 2021, quando obteve licença como CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador), já teria gastado cerca de R$ 160 mil na compra de pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições.

O suspeito George Washington Oliveira Sousa foi preso sob acusação de tentar explodir um caminhão de combustível em Brasília no sábado (24) - Divulgação/Polícia Civil

Preso na noite de sábado (24), Sousa afirmou em depoimento à Polícia Civil que planejou com manifestantes do QG (Quartel General) no Exército a instalação de explosivos em pelo menos dois locais da capital federal para "dar início ao caos" que levaria à "decretação do estado de sítio no país", o que poderia "provocar a intervenção das Forças Armadas".

Na versão dada por ele aos policiais, ele mencionou o artefato localizado no sábado nas imediações do aeroporto de Brasília e também planos da instalação de explosivos em postes próximos a uma subestação de energia em Taguatinga, cidade do Distrito Federal.

Sousa disse que, após o segundo turno das eleições, passou a participar de protestos no Pará em apoio a Bolsonaro e contra o resultado das eleições, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que no dia 12 de novembro foi para Brasília.

Narrou que fez o trajeto de carro, uma caminhonete, e colocou no bagageiro "duas escopetas calibre 12, dois revólveres calibre .357, três pistolas, sendo duas Glocks e uma CZ Shadow, um fuzil Springfield calibre .308, mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite".

Objetos apreendidos, segundo a polícia, com suspeito de tentar explodir caminhão no DF.

De acordo com a versão dele, o único item que não tinha licença para "possuir" eram as dinamites que teria adquirido por R$ 600 de um "um homem do Pará", entregues na capital do país.

O suspeito afirmou ainda que não possuía a guia de transporte de armas e, caso fosse parado pela polícia na estrada, acionaria o grupo armamentista Pró-Armas para ajudá-lo a contornar a eventual situação.

O número de armas de fogo nas mãos de CACs chegou a 1 milhão em julho deste ano. O aumento foi de 187% em relação a 2018.

O governo eleito anunciou a revogação de decretos presidenciais que facilitaram o acesso da população às armas e ao descontrole sobre a circulação desses produtos no país.

Fonte: Folha de S.Paulo

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