Rancho do Chapolin: o restaurante dos turistas de Nobres, no Mato Grosso
O gafanhotinho sabe das coisas "Se eu for em um lugar e for bem recebido, eu vou voltar, tem que ter limpeza, e para fazer comida tem que ter amor!"Aqui é mais que Bonito, é lindo! Para quem nunca ouviu essa expressão eu explico; quando Nobres-MT é comparado a Bonito-MS, falam a expressão como forma de dizer que lá é bonito, mas Nobres é muito mais do que bonito, os dois lugares são comparados por possuírem o mesmo bioma, ambos lugares paradisíacos, no entanto, quando as pessoas fazem referência a Nobres na realidade estão se referindo a Bom Jardim, distrito de Nobres, no Mato Grosso.
Bom Jardim fica a 150 km da capital Cuiabá, a cidade se assemelha a um pequeno vilarejo, poucos restaurantes, mas um em especial me chamou atenção: O Rancho do Chapolin.
“Não contaram com minha astúcia!”
Tudo começou na década de 80, Augustinho morava em Bom Jardim, distrito de Nobres, estado de Mato Grosso, seu pai tinha dois pequenos estabelecimentos, uma venda e um bolicho, a venda como explicado por ele é uma espécie de mercadinho e o bolicho é um bar ou buteco como preferir, um dia passou por ali um senhor oferencendo uma antena parabólica, a antena parabólica servia para captar canais na televisão. Augustinho gostava de futebol e acompanhava os jogos por seu rádio, e para ele estava de bom tamanho, mas o vendedor não se deu por vencido, pois queria vender a antena.
O vendedor foi até o carro, pegou a antena e montou, imagine um guarda chuva gigante, pois bem, a antena parabólica se assemelha a isso, montou aquele trombolho, mas Augustinho não estava levando aquilo muito a sério, afinal a televisão deles era muito antiga e provavelmente não seria compatível com aquela coisa medonha que o moço estava montando ali, mas foi, ligaram e uma bela imagem apareceu, Augustinho ficou encantado, acabou comprando, lhe custou muitos bezerros, naquela época as negociações eram feitas tendo como referência os valores dos bezerros.
Certo dia Augustinho muda de canal aqui, muda ali, e de repente aparece um homenzinho que tomava umas pastilhas e se transformava no Chapolin Colorado, ficou encantado, que coisa interessante aquilo, muito brincalhão não se conteve e começou a imitar o pequeno gafanhoto vermelho, e não deu outra, foi apelidado por Chapolin, para os mais íntimos Chapola.
A vida seguiu, ele morou em Minas, e em terras mineiras ele se fantasiou inúmeras vezes de Chapolin para festinhas infantis ou para as famosas matinês que ele promovia em uma danceteria, chegou o momento de voltar para sua terra natal. Já em Bom Jardim, Chapolin teve a ideia de montar um restaurante, em meados de 2015, mas nada chique, como ele mesmo diz, o restaurante teria que ser rústico, com comida mineira, bem simples, mas ao mesmo tempo que trouxesse um aconchego a quem fosse frequentar.
“Palma, palma, não priemos cânico!”
Sem capital para investir, ele pediu ajuda para seus pais, que prontamente o ajudaram, o pai o ajudou com o local, e sua mãe lhe emprestou no começo suas próprias panelas e pratos, comprou uma mesa para pagar depois, o famoso fiado, mas o primeiro dia foi inaugurado com chave de ouro, mesmo sem estrutura, esperava três pessoas para almoço mas chegaram mais de 15, nem água gelada tinha, seu pai mais uma vez o salvou, lembra do bolicho? Pois foi de lá que Chapolin forneceu bebidas aos seus primeiros clientes.
“Todos os meus movimentos são friamente calculados!”
Um belo dia ele lembra do pequeno ganhafoto, e decide comprar uma fantasia, compra a fantasia e começa a se vestir de Chapolin, com a marretinha e tudo que tem direito, e desde então ele faz a comida, recebe todos os clientes na entrada com um sorriso no rosto, como se recebesse pessoas que conhece bem, mas o que mais chama a atenção no Rancho do Chapolin são duas coisas: a primeira é a forma que ele inventou para receber de seus clientes e a segunda é o “garçon” imaginário. Chapola passa os valores, o cliente faz a soma e efetua o pagamento caso tenha troco ele mesmo pega, já a história do garçon como ele a todo momento fala em alto e bom som esta na freezer, ou seja, se sirva, não tem garçon.
"Sigam-me os bons!"
Chapola é bem carismático, demonstra um grande carinho por seus pais, se sente feliz por esta perto deles, ele faz questão de frisar que seu pai esta com 82 anos, e ativo. Multifunções ele recebe os clientes, administra, cozinha, fala que poderia contratar um cozinheiro, mas em time que esta ganhando não se mexe, ou seja, ele não pretende parar de cozinhar, o porco por exemplo é conservado na banha e o peixe é assado em folhas de bananeiras, formas de trazer a comida da roça para os turistas, bem a moda mineira, saborosa.
“Suspentei desde o princípio!”
Quando perguntando ao que se deve o sucesso do seu restaurante ele diz: “Tudo faz parte! Se eu for em um lugar e for bem recebido eu vou voltar, tem que ter limpeza, e para fazer comida tem que ter amor. A pessoa se sente acolhida, eu recebo todos na entrada, para mim todos são iguais!”
Bom Jardim, conhecido como Nobres é um lugar perfeito para nos conectarmos a natureza, em breve falarei de forma bem detalhada sobre o ecoturismo do local, penso que três dias são o bastante para curtir tudo do pequeno vilarejo, uma coisa é certa, lugar para almoçar você já tem, Rancho do Chapolin, funciona de sexta a domingo. Lugar bacana para nos sentirmos em casa; abrimos o freezer, pagamos a conta daquele jeito autêntico, levamos marretadas do nada na cabeça, mas não se preocupe a marreta é de plástico, não vai doer, e comemos uma saborosa comida caseira que lembra casa de vó, tem coisa melhor?
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