Carta em defesa da democracia alcança 1 milhão de assinaturas

O manifesto teve inicialmente 3 mil signatários de diferentes setores da sociedade civil e foi aberto ao público em geral no dia 26 de julho

A "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito" alcançou 1 milhão de assinaturas no dia da leitura no Largo São Francisco, nessa quinta-feira (11/08). O manifesto teve inicialmente 3 mil signatários de diferentes setores da sociedade civil e foi aberto ao público em geral no dia 26 de julho.

Foto: USP/DivulgaçãoFaculdade de Direito da USP
Faculdade de Direito da USP

Pelo menos 77 faculdades de Direito em 26 Estados e no Distrito Federal, conforme levantamento do ex-presidente da Federação Nacional dos Estudantes de Direito Rodrigo Siqueira Junior.

Na capital paulista, o ato teve aproximadamente 8 mil pessoas do lado de fora da Faculdade de Direito da USP. Havia cerca de 600 pessoas dentro, entre intelectuais, políticos, artistas e líderes de movimentos sociais. Os discursos destacaram o sistema eleitoral brasileiro diante de ameaças de retrocessos. Também ocorreram manifestações do público em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A missiva é inspirada na Carta aos Brasileiros de 1977 - um texto de repúdio ao regime militar, redigido pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lido também no Largo de São Francisco.

"Queremos eleições livres e tranquilas, um processo eleitoral sem fake news, sem intimidações", afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Jr. Durante o seu discurso, Patrícia Vanzolini, presidente da seccional São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), defendeu o aprimoramento da democracia, mas enfatizou que o momento agora é de reafirmação do regime democrático. "Esse é o momento que diremos que sim, nós queremos avançar e não aceitaremos retrocessos".

No mesmo dia, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, divulgou uma carta sobre os manifestos. Em tom contundente, o ministro escreveu que a defesa da ordem democrática e da dignidade humana "impõe a rejeição categórica do flertar com o retrocesso".

Todos os principais candidatos à Presidência, com exceção de Bolsonaro, são signatários. O atual chefe do Executivo chamou de "cara de pau" e "sem caráter" quem aderiu ao movimento.

Em publicação em sua conta pessoal no Twitter no começo da tarde dessa quinta-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou os atos em defesa da democracia que ocorrem em várias grandes cidades do País desde o começo do dia. Em vários tweets, ele publicou sobre a redução de preço do óleo diesel anunciada pela Petrobrás.

O documento em defesa dos tribunais superiores e da Justiça Eleitoral se antecipa aos atos de 7 de Setembro, que estão sendo organizados por apoiadores de Bolsonaro. Nas redes, opositores a Bolsonaro dominam menções nas redes no debate sobre a carta pela democracia. Segundo o Monitor de Redes do Estadão, a carta teve sete vezes mais menções no Twitter ao longo desta quinta-feira do que o Dia da Independência - cujo debate se concentra no ato político convocado por Bolsonaro, como mostrou o blog.

O levantamento do Estadão na plataforma criada em parceria com a empresa Torabit contabilizou 116,9 mil menções no Twitter e no YouTube sobre a carta até as 18h. O assunto explodiu a partir das 10h, quando teve início o evento na USP. Por outro lado, a medição sobre o 7 de Setembro chegou a 15,8 mil menções. Alguns posts prometem uma "resposta" para o 11 de agosto.

O debate sobre a carta pela democracia na rede social na manhã desta quinta-feira ficou marcado pela oposição a Bolsonaro no Twitter. O nome do presidente ficou em terceiro lugar nos termos relacionados a esse tipo de conteúdo, com predomínio de sentimento negativo. Críticos ainda conseguiram alavancar o termo "Bolsonaro sai, democracia fica" ao primeiro lugar nos trending topics do Brasil e oitavo no mundo. Leia a íntegra da Carta.

"Carta em defesa da Democracia"

Foto: Jacinto Teles/JTNEWSTribunal Superior Eleitoral
O Tribunal Superior Eleitoral é um dos alvos preferidos do presidente Jair Bolsonaro com suas teses "conspiratórias"

A "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" havia ultrapassou 550 mil assinaturas até o dia 30 de julho. Segundo a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), ocorreram mais de 2.400 tentativas de ataques cibernéticos contra o Site que hospeda o documento, este que já entrou para a história como forte contraposição aos ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, às instituições democráticas do Brasil [responsáveis pela organização das Eleições Livres], notadamente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) de onde originam-se as autoridades dirigentes do TSE.

Fonte: JTNEWS com informações do Estadão Conteúdo

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