"É preciso acabar com o embargo econômico às favelas", diz Gilson Rodrigues

Para o CEO do G10 Favelas, o recado mais importante às lideranças é de que a favela precisa estar no centro das soluções, "seja pelo ESG, seja pelo bolso"

Para chegar na sede do G10 Favelas, em Paraisópolis, não dá para contar com os aplicativos de transporte, a reportagem de Época NEGÓCIOS tentou, mas não conseguiu ir ao local usando um dos apps. Por ser considerada uma área de risco pelas empresas do setor, a comunidade ainda precisa conviver com restrições que impedem seus moradores de acessar facilidades criadas por serviços de tecnologia.

Foto: Divulgação/G10Em Paraisópolis, Gilson começou como voluntário e presidente de grêmio estudantil: hoje é referência
Em Paraisópolis, Gilson começou como voluntário e presidente de grêmio estudantil: hoje é referência

Para Gilson Rodrigues, CEO do G10, o bloqueio é um exemplo clássico do que ele chama de “embargo econômico” contra esses territórios. “O que as empresas precisam enxergar é que elas estão bloqueando R$ 120 bilhões anuais”, diz. O valor é referente ao que movimenta todos os anos a economia das favelas brasileiras, segundo projeção deste ano do Instituto Data Favela.

Esse é um dos temas que o empreendedor social e líder do G10 Favelas pretende levar aos CEOs e líderes de grandes empresas que estarão na premiação do anuário Época NEGÓCIOS 360°, que acontece nesta segunda-feira (10/10), em São Paulo.

O evento marca o reconhecimento da Empresa do Ano de 2022 e das organizações brasileiras que mais se destacaram em seis desafios principais que se impõem às organizações: inovação, visão de futuro, ESG/socioambiental, ESG/governança, pessoas e desempenho financeiro.

“Meu principal recado é este: lembrar que existe um país chamado favela que tem 17 milhões de pessoas, que consomem bilhões por ano e que estão sofrendo com um embargo econômico na porta de suas casas”, diz Rodrigues. “As empresas que não enxergam esse mercado estão perdendo dinheiro e oportunidades.”

Para driblar esse bloqueio econômico, o G10 tem articulado soluções próprias que nascem a partir de empreendedores locais. Uma delas, o Favela Brasil Xpress, trouxe um benefício que fazia falta aos 100 mil moradores de Paraisópolis: poder fazer uma compra online e receber a mercadoria na porta de casa.

Prestes a completar um ano, a logitech já atraiu grandes marcas, como Casas Bahia e Riachuelo, ampliou suas operações para sete comunidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, e deve fechar os primeiros 12 meses de operação com faturamento de R$ 7 milhões.

Rodrigues também pretende reforçar algo que tem repetido durante seu mandato à frente do G10 Favelas: não existe inovação sem a favela. Para ele, as soluções criadas dentro das corporações precisam chegar também nesses territórios. “Se o olhar não vem pelo caminho do impacto social e do ESG, que ele venha pelo bolso.”

Além do Favela Xpress, a rede do G10 Favelas conta com 18 negócios que, juntos, geraram 849 empregos diretos - entre eles, estão o G10 Bank, banco de desenvolvimento para empreendedores locais, e o Favela Music, que promove eventos de arte e cultura nas favelas.

Um dos planos do CEO, agora, é lançar um serviço de transporte por aplicativo que chegue aos moradores de favela. “O que nós temos pode ajudar a transformar o Brasil. Nós somos parte da solução e não do problema”, diz Gilson.

Fonte: JTNEWS com informações da Época Negócios

Comentários