Embaixador da Palestina diz que imprensa tem que 'abrir os dois olhos' em guerra com Israel

Ibrahim Alzeben listou jornalistas mortos em Gaza e disparou nesta quarta (11) comunicado de sindicato que diz que profissionais também são alvo de israelenses.

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, encaminhou nesta quarta-feira (11/10) a interlocutores uma nota emitida pelo Sindicato dos Jornalistas Palestinos, baseado entre Jerusalém e Ramallah, que afirma que os profissionais de imprensa são também alvos do Exército israelense.

Foto: Pedro Ladeira | FolhaPressO embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em seu gabinete, em Brasília.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em seu gabinete, em Brasília.

Além do comunicado, Alzeben disparou uma mensagem de sua autoria em que dá uma "bronca" em jornalistas e pede mais atenção à cobertura da guerra deflagrada entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

"Os jornalistas estão chamados a abrir os dois olhos e ouvidos para trabalhar com honestidade consigo mesmos", escreveu o embaixador, em mensagem também recebida pela coluna. "O que acontece em Gaza é MASSACRE, CRIME DE LESA HUMANIDADE", disse ainda, em letras garrafais.

No comunicado retransmitido pelo embaixador, o Sindicato dos Jornalistas Palestinos lista uma série de agressões registradas desde o início do confronto. A organização afirma que, somente na Faixa de Gaza, oito profissionais de imprensa foram assassinados, dois estão desaparecidos, dez foram feridos e 40 veículos de imprensa foram bombardeados e completamente destruídos.

Uma jornalista, segundo o sindicato, foi morta junto com o marido e três filhos durante um ataque aéreo que atingiu a sua casa. Dezenas de jornalistas também tiveram suas residências destruídas, acrescenta.

"O sindicato apela à Federação Internacional de Jornalistas, à Federação de Jornalistas Árabes e a todas as instituições internacionais afiliadas às Nações Unidas e às instituições internacionais de direitos humanos para que tomem medidas para proteger os jornalistas palestinos e acabar com os crimes cometidos pela ocupação [israelense] de forma sistemática e por uma decisão oficial do governo", diz.

Em entrevista à coluna na terça-feira (10/10), Ibrahim Alzeben rejeitou classificar como terrorismo a ofensiva empreendida pelo Hamas contra Israel no sábado (07/10), estopim do confronto, e disse que, na verdade, o povo palestino é a grande vítima.

"O maior [ato] terrorista do mundo, para mim, agora, é a atitude do Estado de Israel, que está convertendo em cinzas todo um território com a sua gente, na Faixa de Gaza", afirmou o embaixador.

"O desespero que o nosso povo tem é resultado da atitude dos sucessivos governos de Israel", disse ainda.

"Nós somos vítimas do terrorismo, independentemente da declaração do governo do Brasil", acrescentou, em menção a uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Alzeben desembarcou em Ramallah, na Cisjordânia, há uma semana, acompanhado da família, para suas primeiras férias em sete anos. Dias depois, foi surpreendido com uma declaração de guerra. "Fui recebido com fúria, não com férias", afirmou ele à coluna.

Fonte: JTNEWS com informações da Folha de S.Paulo

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