Confira 5 passos para se manter calmo em situações muito estressantes
Três professores de diferentes universidades, que acompanharam o caso de uma executiva, ensinam como reagir de maneira calma frente a uma situação de estresse inevitávelVocê já deve ter sentido frio na barriga em uma situação de confronto. Seja no trabalho, em uma relação amorosa ou em família, é natural ter ansiedade em momentos desconfortáveis.
Pois três professores de diferentes universidades, que acompanharam o caso de uma executiva, ensinam como reagir de maneira calma frente a uma situação de estresse inevitável.
A história começa quando Robert E. Quinn, professor emérito da Ross School of Business da Universidade de Michigan e cofundador do Center for Positive Organizations, é chamado para resolver a situação de uma CEO que estava enfrentando problema profissionais. Sua empresa estava no meio de um grande projeto de tecnologia, mas ela, que teve seu nome preservado pela reportagem, estava com um bloqueio e não conseguia avançar.
Um dos representantes do investidor do projeto era extremamente assertivo e egoísta. Eles já haviam intimidado diversos membros-chave, o que comprometeu o apoio financeiro. Todo o empreendimento estava em risco naquele momento.
Em 20 minutos, a executiva explicou toda a complexidade da situação. Enquanto isso, Robert estava começando a suar frio. Ela esperava que ele agregasse alguma coisa, mas ele estava se esforçando para entender o problema. Preocupado em não poder ajudar, o professor só tinha um pensamento: desligar a chamada e sair daquela situação. Em vez disso, entendeu que sua ansiedade era um sinal para diminuir o ritmo. Ele começou a se autorregular.
Estudos na área de neurociência, em especial da teoria polivagal (Polyvagal theory, em inglês), oferecem explicações sobre autorregulagem e como sair de situações de “bater ou correr” para um estado de aceitação, colaboração e criatividade.
Stephen W. Porges é professor de psiquiatria na University of North Carolina e o criador da Teoria Polyvagal, que enfatiza a importância do estado fisiológico na saúde mental e física. Por meio dela, ele explica como o sistema nervoso atua no nosso comportamento, tanto para colaborar quanto para nos defender.
O nervo vago é responsável por controlar o sistema parassimpático do sistema nervoso autônomo. Ele controla a comunicação entre coração, intestino e outros órgãos para uma resposta automática em situações de ameaça, com uma resposta em três níveis.
O primeiro estágio é a imobilização. No mundo animal, esse mecanismo de defesa de se “fingir de morto” quando está sob ameaça pode salvar a vida de mamíferos e répteis. Um rato, por exemplo, se finge de morto e o gato perde interesse na caçada, dando a chance de ele escapar. Apesar de raro, pode acontecer exatamente o mesmo com humanos.
O segundo estágio é a ação. O sistema parassimpático faz o coração disparar, libera adrenalina para você brigar ou fugir o mais rápido possível. O resultado é que ou ficamos agressivos ou fugimos da situação.
O terceiro e último estágio é engajamento e conexão. É o oposto do anterior porque nosso sistema precisa voltar a funcionar normalmente. O corpo libera oxitocina e estamos mais abertos aos outros, experimentamos uma sensação de conexão que pode levar à colaboração e ao aprendizado.
Quando somos capazes de alcançar o nível três, nossa visão, audição, voz e mente começam a trabalhar em harmonia com nosso coração. Somos capazes de sentir nossos corpos, ao contrário do entorpecimento que podemos sentir nos níveis um e dois durante um confronto. Até mesmo os sinais não verbais do outro passam a ficar mais claros.
Para um líder, saber chegar ao estágio três é uma habilidade que ajuda em situações como as da CEO. Com isso, Robert e Stephen, juntamente com David P. Fessell, docente associado do grupo Positive Organizational Scholarship na Ross School of Business, formularam cinco passos para conseguir superar as fases um e dois:
1-Entendimento
O primeiro passo é conhecer a biologia por trás dessas reações e aceitar que estar no nível um, dois ou três é normal. Saber onde você está na hierarquia te dá escolha e o poder de mudar.
2 - Atenção
Quando você se sentir desafiado, observe as pistas físicas e emocionais que sinalizam que você está se sentindo ansioso. Você sente algum tipo de enjoo? Ou seu coração dispara? Veja isso como sinais de onde você está em sua reação: provavelmente nível dois.
3 - Relembrar
Lembre de experiências anteriores em que você superou com sucesso a incerteza do passado. Você pode até escrever o que fez para enfrentar uma situação difícil e usar seu próprio sucesso para ter esperança de que também possa superar a atual.
4 - Intenção
Com esperança em mente, coloque de lado a necessidade de servir ao seu ego, deixando claro a sua intenção acima de tudo. Focar nesse ponto irá liberar oxitocina e ajudá-lo a mudar para o nível três.
5 - Confie no processo
A interação é um processo de aprendizagem em andamento. Será desafiador, mas contanto que você fique conectado e não volte para o nível um ou dois, você e as demais pessoas poderão passar por isso juntos. Na verdade, deixar os outros seguros pode se tornar uma habilidade, tendo como consequência conversas mutuamente benéficas no futuro.
Foi com esse pensamento que Robert saiu do estado de “bater ou correr” e deixar aquela situação com a CEO. Com seu propósito de ajudá-la em mente, ele usou sinais verbais de inclusão para inspirar confiança e segurança na interlocutora. Coisas como declarações de vulnerabilidade autêntica e questionamentos genuínos.
Quando ela terminou seu relato, ele disse: “Seu desafio é muito difícil. Eu mal consigo entender isso. Então, deixe-me repetir para você minha compreensão falha para que você possa me corrigir".
Com essa honestidade, ambos passaram a tentar colaborar de maneira a deixar o problema mais evidente. Ela passou mais sete minutos esclarecendo e, ao fazê-lo, junto com Robert entrou em um estado de corregulação onde ideias, emoções e possibilidades podiam ser trocadas sem hesitação, constrangimento ou medo.
Estando seguro e escutando as explicações com mais interesse e clareza, o professor não estava mais fechado. Ao invés de orientar o projeto, ele pensou de maneira mais aberta, não apenas no problema, mas de maneira mais ampla.
Em vez de buscar os recursos já prometidos, ela poderia adotar uma nova abordagem? Poderia explorar as intenções originais de cada ator? Por que eles se importaram o suficiente para entrar no projeto e investir? Eles estavam comprometidos o suficiente para se tornarem mais engajados? Ela poderia ousadamente pedir financiamento que levaria a empresa, não alguns meses no futuro, mas anos no futuro? Ela poderia convidá-los a assumir um compromisso maior? Ela poderia liderá-los na corregulação de seu caminho para uma maior colaboração?
A autorregulação abriu os olhos para coisas maiores do que apenas um problema específico, mas para todo um universo de perspectivas. E essa abertura pode ser a direferença entre o sucesso e o fracasso. Um mês depois, ela ligou para Robert para relatar que a estratégia, com outras modificações, havia dado certo.
Fonte: JTNEWS com informações da Época negócios
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