Datafolha: 61% veem militares envolvidos em irregularidades sob Bolsonaro

Investigações, como nos casos do 8/1 e das joias, afetaram imagem das Forças Armadas.

Para 61% dos eleitores brasileiros, oficiais das Forças Armadas estiveram envolvidos em irregularidades durante o governo do capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro (PL). Já 25% não acreditam na hipótese, e 14% dizem não saber.

Foto: GABRIELA BILÓ/FOLHAPRESSComandante do Exército, general Freire Gomes, em momento de oitiva de Bolsonaro
Comandante do Exército, general Freire Gomes, em momento de oitiva de Bolsonaro.

Os dados da mais recente pesquisa do Datafolha ajudam a delimitar o tamanho do estrago na imagem dos militares brasileiros devido à sucessão de casos sob investigação em que fardados ligados ao governo surgem com destaque.

Institucionalmente, a mais rumorosa apuração é sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, na qual o papel de militares do Exército que deveriam guardar o Palácio do Planalto é questionado. Muitos dos vândalos que atacaram as sedes dos três Poderes naquele domingo estavam acampados havia semanas na frente do Quartel-General da Força, sem serem incomodados.

Militares não estão no rol conhecido de julgados pelas invasões, que teve suas três primeiras condenações na sexta (15). Mas o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, está com o resultado do inquérito do Exército que apurou o caso e não apontou crimes militares naquele dia —o que não significa que não houve delitos de outras naturezas cometidos por fardados.

Do ponto de vista de visibilidade e percepção popular, o caso das joias sauditas recebidas como presente pelo ex-presidente chama talvez mais atenção. Aqui, a figura do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, é central.

Ele foi preso por falsificar dados de vacinação contra Covid-19, mas já era ouvido acerca do seu papel na tentativa de reaver joias que a Receita havia retido no aeroporto de Guarulhos quando outro militar, o almirante e então ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque, tentou trazê-las como presente para o casal presidencial de uma viagem de trabalho à Arábia Saudita.

As investigações avançaram, e Cid foi solto no último dia 9, após concordar fazer uma delação premiada sobre o caso. Segundo a revista Veja, ele disse que vendeu relógios levados com Bolsonaro no avião presidencial na antevéspera do fim do governo para os EUA e usou a conta americana de seu pai, um general de quatro estrelas da reserva homônimo, na transação.

Por fim, diz a revista, ele confessou à PF ter dado o dinheiro vivo em mãos para Bolsonaro na Flórida, onde o ex-presidente passou três meses em exílio voluntário. Bolsonaro nega irregularidades, assim como o pai de Cid e outros envolvidos.

Com efeito, a crença no envolvimento de militares é maior entre aqueles 77% que se dizem informados sobre o caso das joias: 65%, ante 24% que não a têm. O índice vai a 69% entre aqueles mais ricos, com renda mensal acima de 10 salários mínimos, e a 70% entre moradores do Nordeste, base eleitoral do PT.

Como em quase tudo na polarização brasileira, o corte entre petistas e bolsonaristas também se vê neste caso: 84% dos primeiros veem envolvimento militar, enquanto 52% dos segundos o descartam.

O Datafolha ouviu 2.016 pessoas na terça (12) e na quarta (13) passadas, em 139 cidades. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: JTNEWS com informações da Folha de S.Paulo

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