Mortes de profissionais do sistema prisional por COVID-19 sobem 487% no trimestre, afirma CNJ

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizou monitoramento e contabilizou as mortes por COVID-19 entre profissionais de estabelecimentos de privação de liberdade

O número de mortes por COVID-19 entre profissionais de estabelecimentos de privação de liberdade acumulou alta de 487% no ultimo trimestre quando comparado ao trimestre anterior, segundo monitoramento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Foto: Divulgação/Sejus-PIOperação Quiescis apreende celulares na Penitenciária José Ribamar Leite
Polícia Penal em serviço na Penitenciária José Ribamar Leite, em Teresina (PI)

Foram 94 novos óbitos nos últimos três meses, contra 16 entre outubro de 2020 e janeiro de 2021. Somente no último mês, 42 servidores e servidoras de estabelecimentos prisionais morreram em decorrência da doença segundo dados oficiais. Em unidades socioeducativas, o número total de óbitos no período saltou de 38 para 53.

O acompanhamento sobre a situação da pandemia em estabelecimentos de privação de liberdade é realizado pelo CNJ, a partir de dados disponibilizados pelas autoridades locais. O levantamento é o único que reúne informações sobre casos e óbitos por COVID-19 entre pessoas presas e também entre os profissionais que atuam nesses locais.

A coleta conta com o auxílio do programa Fazendo Justiça, parceria do CNJ com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública para a superação de desafios estruturais nos sistemas de privação de liberdade.

De acordo com o monitoramento, estabelecimentos do sistema prisional e unidades do sistema socioeducativo já contabilizam um total de 78.029 casos de COVID-19 desde o início da pandemia. Foram oficialmente registradas 70.055 ocorrências da doença em unidades penais, sendo 51.974 entre pessoas presas e 18.081 entre as equipes.

Foto: Reprodução/CNJSede do CNJ
Sede do CNJ

Segundo os dados, já são 322 o número de óbitos nessas unidades – 159 entre pessoas em privação de liberdade e 163 entre funcionários. No socioeducativo, foram registrados 1.846 casos de contaminação entre adolescentes em privação de liberdade, além de 6.128 entre funcionários, com 53 mortes – todas entre servidores e servidoras.

Veja o boletim de contaminações e óbitos nos sistemas prisional e socioeducativo.

Além do monitoramento de casos e óbitos, o CNJ também atualizou nessa quarta-feira (7/04) informações levantadas pelos Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF) de Tribunais de Justiça em todo o país. 

Nesta edição, 11 tribunais estaduais disponibilizaram dados atualizados sobre a situação da pandemia de COVID-19 no contexto local. O boletim também mantém informações anteriores enviadas por outros 16 estados, assim como pelos Tribunais Regionais Federais da 2ª Região (TRF2), da 3ª Região (TRF3) e da 4ª Região (TRF4).

Entre as informações monitoradas está a realização de testes para detecção de COVID-19 nos sistemas de privação de liberdade. Segundo o levantamento, a testagem para identificação da doença já foi aplicada em 274.939 pessoas presas e em 69.272 profissionais dessas unidades – além de outros 16.602 exames realizados em unidades do estado do Ceará, que não distinguiu a que segmento foram destinados.

No socioeducativo, a testagem para a detecção da doença foi realizada em 20.796 adolescentes privados de liberdade, além de 24.665 servidores e servidoras, em estabelecimentos de 24 estados. Os números apontam que ao longo da última quinzena houve um incremento de 4,5% na realização de exames sobre COVID-19 em pessoas em estabelecimentos prisionais.

Confira o boletim de monitoramento dos GMFs.

Comitês de acompanhamento

Desde o início da pandemia, GMFs de 22 estados informaram atividades realizadas por comitês de acompanhamento e combate à propagação da doença que têm o Judiciário em sua composição. A regularidade de envio de informações e de funcionamento dos comitês tem variado ao longo do tempo.

No que se refere à destinação de verbas de penas pecuniárias para o combate à pandemia – que não necessariamente são destinadas ao sistema prisional ou ao socioeducativo – são 25 os estados que comunicaram estarem adotando a medida, além do TRF da 3ª Região. O montante totaliza R$ 86,4 milhões, entre recursos estaduais e federais. Também houve repasse de outras fontes para ações de enfrentamento à COVID-19 nesses estabelecimentos, com R$ 14 milhões destinados a dez diferentes estados.

Foto: Thanandro Fabrício/JTNEWSDiretor da Academia de Polícia Penal do Piauí (ACADEPEN-PI), Policial Penal Jacinto Teles declara formados todos os alunos do CFI/2020
Jacinto Teles, presidente da Associação dos Policiais Penais do Brasil (AGEPPEN-BRASIL)

"Enquanto se comprova essa triste realidade com relação à COVID-19 no sistema prisional brasileiro, o Ministério da Saúde emite uma nota técnica que dificulta, por falta de critérios objetivos, a vacinação dos profissionais da segurança pública, em especial os policiais penais e os servidores do sistema socioeducativo. É lamentável", destacou o presidente da Associação dos Policiais Penais do Brasil (AGEPPEN-BRASIL), Jacinto Teles.

Jacinto Teles pede providências do Ministério da Saúde  e afirmou que encaminhou documento às autoridades, nesta sexta-feira (9/04), destacando esse registro do Conselho Nacional de Justiça.

Fonte: JTNEWS com informações do CNJ

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